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Especialista em criptoativos
Publicado em 26 de outubro de 2025 às 11h00.
Estamos no final de outubro, mês apelidado no mercado cripto como “uptober”, por ser marcado historicamente por ganhos significativos do bitcoin.
Mas, em 2025, o mês parece estar desafiando a história. Será que, no lugar do “uptober”, teremos um “octobear”?
A resposta, até agora, tem sido um mix de expectativa, volatilidade e uma dose de realidade. Esse não está sendo o outubro típico dos manuais.
Enquanto em bull markets anteriores, o bitcoin comemorava ganhos expressivos (+60% em 2013, +48% em 2017 e 40% em 2021), o atual ciclo de alta está marcado por uma performance negativa de quase -4% até agora, como mostra a tabela do CryptoQuant abaixo.

Será que o jogo já terminou ou estamos só no intervalo?
O mercado começou a semana com um comportamento que eu chamo de "modo pista molhada". Na terça-feira, 21, vimos uma aceleração, com o bitcoin batendo uma máxima intradiária próxima a US$ 114.000 (depois de abrir a US$ 111,7 mil), o ether testando os US$ 4.110 e a Solana flertando com a barreira psicológica de US$ 200.
No entanto, a sensação foi de que, a qualquer momento, o motor poderia patinar.
Esses movimentos rápidos para cima, seguidos de correções, são típicos de um mercado que ainda está se recuperando de um susto e tentando encontrar um novo equilíbrio.
Esse susto foi o evento de liquidação em massa do último dia 10 de outubro, quando US$ 20 bilhões em posições foram varridos do mercado em um dos maiores episódios de desalavancagem da história recente.
Na ocasião, o Índice de Medo e Ganância despencou de 64 para 27, caindo ainda mais ao longo daquela semana, para 22 pontos, apontando para Extremo Medo.
No momento em que escrevo, a métrica registra uma certa recuperação, mas segue em Medo (32), demonstrando a tendência de cautela no mercado.

Ainda assim, uma boa notícia: o "crash" da semana passada, visto com mais perspectiva, acabou se mostrando nada mais do que uma correção mais profunda, e não o fim do ciclo de alta.
O BTC vinha de uma sequência de máximas sucessivas. Rra preciso descomprimir, desalavancar e respirar.
Correções como essa, embora assustadoras, são vitais: elas reposicionam o risco, limpam o excesso de especulação e preparam o terreno para a próxima pernada de alta.
Com esse “acelera e freia”, o investidor acaba preso na gangorra de preços e perde de vista informações técnicas importantes, como, por exemplo, o comportamento do Open Interest (OI) do bitcoin, que diz muito sobre o sentimento do mercado.
Em termos simples, Open Interest (OI) é uma métrica usada na negociação de derivativos de cripto, como contratos futuros e opções. Ele rastreia o número total de contratos de derivativos em aberto, sejam opções ou futuros não liquidados, funcionando como um termômetro direto do apetite dos traders e de liquidez.
Após o crash de 10 de outubro, o OI despencou, já que aquelas US$ 20 bilhões em posições simplesmente deixaram de existir.
Agora, no momento em que escrevo, os mercados de derivativos de BTC voltaram a mostrar otimismo: o OI em opções atingiu um recorde histórico de US$ 63 bilhões, com a maioria das apostas mirando preços futuros mais altos para o BTC, segundo o CoinGlass.
Isso sinaliza que os traders estão, aos poucos, recuperando a confiança e reentrando no mercado, abrindo novas posições.
Enquanto o mercado retoma o fôlego, o cenário macroeconômico segue alimentando as expectativas dos investidores: existe um sentimento crescente de que o Fed pode sinalizar o fim do chamado” aperto quantitativo” (QT) na reunião do próximo dia 29 de outubro.
Esse seria um sinal positivo para os ativos de risco, como as criptos, indicando um horizonte com mais liquidez em circulação.
Esse otimismo ganhou um reforço mais concreto com a divulgação do CPI na sexta (24). Os preços ao consumidor nos Estados Unidos subiram um pouco menos do que o previsto em setembro, reforçando as expectativas de que o Federal Reserve pode reduzir os juros novamente na próxima semana.
Um ambiente de juros mais baixos é tradicionalmente favorável para ativos de risco, pois o capital busca retornos melhores. Essa expectativa tem sido um dos combustíveis para as recuperações intradiárias que temos visto, com o bitcoin operando agora no patamar dos US$ 111 mil e o ether buscando se consolidar acima de US$ 3.9 mil.
Apesar da volatilidade e do sentimento negativo no curto prazo, dados on-chain mostram uma postura sólida de um grupo específico e estrategicamente importante: os investidores apelidados de "golfinhos", que detêm entre 100 e 1 mil BTC. Eles são considerados investidores médios, com quantidade menor do que as baleias (com mais de 1 mil BTC).
De acordo com o CryptoQuant, os golfinhos vêm se destacando pelo processo de acumulação de bitcoin mesmo após o flash crash do início do mês.
A plataforma de análise de dados explica que uma acumulação crescente por parte dos golfinhos historicamente coincide com momentum de alta nos preços. Significa que eles estão enxergando a queda como uma oportunidade de compra no longo prazo, não uma razão para pânico.
Por outro lado, a análise também explica que o curtíssimo prazo pede cautela, já que o saldo de 30 dias desse grupo caiu abaixo da sua média móvel, indicando que a demanda imediata pode estar desaquecendo. Ainda assim, a persistência na acumulação estratégica sugere confiança na trajetória do ativo.
Os ETFs de bitcoin, por sua vez, também espelham essa gangorra dos últimos dias. Depois de uma semana de entradas e saídas voláteis (com um dia registrando entradas de US$ 477 milhões e outro, saídas de US$ 101 milhões), eles voltaram a registrar entradas líquidas positivas, mas ainda modestas, na quinta-feira, 23. O dia terminou com um fluxo líquido de US$ 20,33 milhões.
O IBIT da BlackRock, por exemplo, liderou com mais de US$ 107 milhões em entradas na data, mostrando que o interesse institucional, embora abalado pelas incertezas, não desapareceu.
Um fluxo sustentado de entradas nos ETFs pode ser o catalisador para uma nova alta. Isso porque os movimentos de grande gestores conseguem deslocar liquidez e criar níveis de suporte ou resistência no preço.
A dinâmica atual da criptoesfera indica que parte do movimento de valorização recente foi sustentado exatamente por fluxos institucionais.
Já a realização de lucro teria acontecido especialmente entre os investidores de varejo “mais antigos no setor” que operaram nas máximas, como disseram analistas do JPMorgan em relatório divulgado na quinta passada, 17 de outubro.
Para quem está na expectativa da altseason, aquela temporada em que as criptos alternativas apresentam valorizações superiores ao bitcoin, paciência é virtude.
Com o medo ainda dominando, o Altcoin Season Index está no seu ponto mais baixo desde agosto, indicando que o capital ainda não está se espalhando de forma significativa para o resto do ecossistema.
Na tarde da sexta-feira, 24, ativos como Solana (SOL), Hyperliquid (HYPE), Aave (AAVE) e XRP (XRP) estavam entre os de maior valorização em 7 dias (CoinMarketCap). Enquanto isso, a maioria das altcoins está sendo negociada em mínimas de vários anos.
Enquanto o mercado flerta com um “octobear”, começa a surgir no radar a perspectiva de um “moonvember”, sendo novembro também historicamente um mês de significativos retornos no bitcoin.
Então, aja com calma e estratégia, e não ceda ao medo. Algumas orientações cabem aqui:
Outubro lembra que calendário e narrativa histórica importam, mas não mandam. Esse é um aviso para quem acha que padrões passados se repetem automaticamente: esteja preparado para surpresas e nunca arrisque mais do que pode suportar perder.
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