Repórter de Negócios
Publicado em 10 de junho de 2025 às 16h34.
O plano de recuperação judicial da Casa do Pão de Queijo foi aprovado pelos credores no último dia 6 de junho.
A proposta trata da reestruturação de uma dívida de 57,5 milhões de reais, envolvendo a holding e 28 lojas próprias em aeroportos. As 170 franquias da rede não fazem parte do processo.
O plano aprovado estabelece condições diferentes para cada classe de credores. Trabalhadores têm direito a receber até 7.000 reais à vista, enquanto fornecedores e pequenas empresas enfrentam deságios de até 80% sobre os valores devidos, além de carência de quase dois anos e parcelamento em dez anos.
O plano final foi apresentado na assembleia com pequenas mudanças em relação à versão anterior, apresentada em abril.
Para tentar cumprir o plano, a empresa aposta ainda na venda de dois ativos — as chamadas UPIs — que incluem a marca, a indústria e o braço de franquias. O dinheiro obtido será usado para acelerar os pagamentos aos credores.
O plano foi aprovado por 95,65% dos credores trabalhistas, 100% dos pequenos credores e 93% do valor total dos créditos da classe de fornecedores e bancos. Ao todo, participaram 114 credores nas três categorias com direito a voto.
O plano prevê condições especiais para quem aceitar colaborar com a reestruturação da empresa.
A Casa do Pão de Queijo, comercialmente conhecida como CPQ Brasil S/A, é uma empresa fundada por Mario Carneiro em 1967. A história da empresa começou com uma receita especial de pão de queijo criada pela sua mãe, Dona Arthêmia.
A primeira loja foi inaugurada na Rua Aurora, no centro de São Paulo, e rapidamente se tornou um sucesso, vendendo 2 mil pães de queijo no primeiro dia.
Com o crescente sucesso, a empresa construiu sua primeira fábrica na Barra Funda, São Paulo, permitindo a expansão da produção e a adoção do modelo de franquias. Em 1987, sob o comando de Alberto Carneiro Neto, a imagem de Dona Arthêmia passou a estampar a logomarca da empresa.
Nos anos 2000, com mais de 200 lojas franqueadas, a Casa do Pão de Queijo recebeu um aporte de capital do fundo de Private Equity do Banco Pátria, possibilitando a construção de uma nova fábrica em Itupeva, São Paulo. Em 2005, a empresa alcançou 700 pontos de venda e, em 2008, atingiu a marca de 1.000 pontos de venda.
Em 2009, o Banco Standard se tornou sócio da empresa, junto com Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana, adquirindo a participação do fundo do Banco Pátria. Em 2010, a CPQ Brasil S/A adquiriu os direitos da marca "O Melhor Bolo de Chocolate do Mundo".
Em 2012, após o Standard Bank encerrar suas atividades no Brasil, Alberto Carneiro e Marco Aurelio Aliberti Mammana adquiriram 100% da CPQ Brasil S/A.
A empresa apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em aeroportos. Ao todo são 22 lojas próprias, 170 franquias.
A Casa do Pão de Queijo apostou nos últimos anos na abertura de unidades próprias em diversos aeroportos. A empresa investiu aproximadamente R$ 14 milhões para abrir dez novas lojas em aeroportos privatizados, motivada por grandes eventos internacionais como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
No entanto, a pandemia de covid-19 em março de 2020 causou uma queda drástica no faturamento, com perdas de 97% nos primeiros três meses e uma redução total de 50% no ano, informa a empresa no processo.
Os franqueados da Casa do Pão de Queijo também foram severamente impactados. A empresa informa que muitos franqueados tiveram de fechar suas lojas.
Na pandemia, a fábrica de Itupeva interrompeu a produção várias vezes, resultando em perda de produtividade.
A empresa também destaca a falta do delivery como um agravante para a queda da receita durante a pandemia.
"A empresa enfrentou dificuldades para obter linhas de crédito junto aos bancos, sendo forçada a recorrer ao não pagamento de impostos temporariamente", diz o processo.
A Casa do Pão de Queijo operava quatro lojas no aeroporto de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, que geravam um fluxo de caixa significativo para a empresa.
A tragédia climática que atingiu o estado teve um impacto financeiro negativo de quase R$ 1 milhão por mês em vendas e resultou em uma perda de Ebitda de aproximadamente R$ 250 mil por mês, informou a empresa no processo.
Credores extraconcursais (passivos detalhados no processo que não entraram no pedido de recuperação judicial):
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