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Netanyahu diz estar preparando 'instruções' ao Exército israelense de continuação da guerra em Gaza

Segundo ministro das Relações Exteriores, Israel quer colocar questão dos reféns 'no centro da agenda internacional'

Agência o Globo
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Publicado em 4 de agosto de 2025 às 21h00.

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O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira, 4, que dará “instruções” sobre a continuação da guerra na Faixa de Gaza, em um contexto de crescente pressão sobre seu governo para pôr fim ao conflito e libertar os reféns.

Israel pretende ao mesmo tempo colocar a questão dos cativos mantidos há 22 meses no território palestino “no centro da agenda internacional”, declarou o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, na véspera de uma sessão do Conselho de Segurança da ONU, convocada por Israel e dedicada a este assunto.

Durante uma sessão do Conselho de Ministros, Netanyahu anunciou que convocará esta semana seu Gabinete para dar instruções ao Exército sobre “a maneira de alcançar os três objetivos de guerra” que foram estabelecidos para a Faixa de Gaza.

— Estamos no meio de uma guerra intensa na qual obtivemos sucessos muito importantes, históricos, porque não estávamos divididos (...) devemos continuar unidos — declarou, relembrando os objetivos da guerra: — Derrotar o inimigo, libertar nossos reféns e garantir que Gaza deixe de ser uma ameaça para Israel.

Netanyahu também conversou por telefone à tarde com o presidente russo, Vladimir Putin, segundo seu Gabinete.

'A caminho da ruína'

O governo israelense, em guerra com o Hamas desde que o movimento islâmico palestino atacou seu território em 7 de outubro de 2023, enfrenta crescente pressão interna. Quase 600 ex-funcionários de segurança israelenses, incluindo vários ex-chefes do Mossad, a agência de inteligência de Israel, e do Shin Bet, voltado para segurança interna, pediram ao presidente dos EUA, Donald Trump, nesta segunda-feira, que pressione Netanyahu a encerrar a guerra e devolver os reféns.

"Parem a guerra em Gaza!", pede a carta, assinada por 550 ex-chefes de espionagem, militares, policiais e diplomatas.

Netanyahu "está levando Israel à ruína e os reféns à morte", acusou o Fórum das Famílias de Reféns, a principal organização de famílias de reféns.

"Por 22 meses, o público foi convencido de que a pressão militar e os combates intensos trariam os reféns de volta", mas essas narrativas "não passam de mentiras e enganos", estimaram as famílias dos reféns.

Das 251 pessoas sequestradas pelo Hamas durante o ataque, 49 não foram libertadas e, dessas, acredita-se que 27 tenham morrido, segundo o Exército israelense.

'Corredores humanitários'

Na semana passada, o Hamas e seu aliado Jihad Islâmica divulgaram três vídeos mostrando dois reféns israelenses, identificados como Rom Braslavski e Evyatar David, chocando Israel e reacendendo o debate sobre a necessidade de se chegar rapidamente a um acordo para a libertação dos reféns.

Netanyahu expressou sua "profunda consternação" com as imagens no domingo e pediu ajuda ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para "fornecer alimentos" e "cuidados médicos" aos reféns. O Hamas exigiu como condição "a abertura de corredores humanitários (...) para a passagem de alimentos e medicamentos" para o território palestino, que está sitiado e ameaçado pela fome, segundo a ONU. A comunidade internacional também pressiona Israel, que autoriza apenas a entrada de ajuda considerada insuficiente pela ONU, a abrir as comportas humanitárias em Gaza.

"Negar o acesso a alimentos à população civil pode constituir um crime de guerra, ou mesmo um crime contra a Humanidade", declarou o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, nesta segunda-feira.

Em terra, o Exército israelense continua seus bombardeios e operações terrestres. De acordo com a Defesa Civil local, 19 palestinos foram mortos nesta segunda-feira, nove dos quais estavam buscando ajuda alimentar no centro de Gaza.

— Talvez o mundo acorde, mas isso nunca acontecerá, nem para os árabes nem para os muçulmanos — lamentou Abdullah Abu Musa em Deir al-Balah, também no centro da Faixa de Gaza, sobre os escombros de uma casa.

Visivelmente abalado, ele afirmou que sua filha e sua família foram mortas em um bombardeio israelense.

'Grande presente para o Hamas'

Gideon Saar voltou a criticar nesta segunda-feira países como França, Reino Unido e Canadá, que anunciaram a intenção de reconhecer um Estado da Palestina, o que, segundo ele, representa "um grande presente para o Hamas".

— Eu já avisei (...) que reconhecer um virtual Estado palestino acabaria com as chances de se chegar a um acordo sobre os reféns e o cessar-fogo. Foi exatamente o que aconteceu — afirmou.

O ataque de 7 de outubro deixou 1.219 mortos do lado israelense, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais. Em retaliação, Israel matou pelo menos 60.933 pessoas na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde do território governado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.

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