Inteligência Artificial

Como startups nucleares viraram aposta das big techs para alimentar a IA

Empresas como Amazon e Google firmam acordos com novatas da energia atômica, que buscam reatores menores e mais seguros

Fissão nuclear, utilizada em todas as atuais usinas, ganha novo fôlego depois de décadas de fechamento de plantas (Freepik)

Fissão nuclear, utilizada em todas as atuais usinas, ganha novo fôlego depois de décadas de fechamento de plantas (Freepik)

Publicado em 27 de maio de 2025 às 10h00.

A demanda por eletricidade nos Estados Unidos disparou após anos de crescimento praticamente nulo, impulsionada pela inteligência artificial e pela necessidade dos data centers. Por isso, as big techs buscam fontes estáveis e sustentáveis de energia, com destaque para a nuclear.

Depois de décadas de fechamento de plantas, a fissão nuclear, utilizada em todas as atuais usinas, ganha novo fôlego. Para a indústria de tecnologia, essa fonte oferece energia previsível e constante, essencial para manter os data centers operando 24 horas por dia.

O renovado interesse recai sobre os novos pequenos reatores modulares (SMRs), que prometem superar as limitações das usinas tradicionais, construídas em torno de grandes reatores de mais de 1 gigawatt. Os SMRs são compostos por módulos menores, fabricados em série para reduzir custos, embora ainda não haja construção desses reatores nos EUA.

Além da alta nos Estados Unidos, a demanda por eletricidade aumentou ao redor do mundo, com crescimento de 4,3% em 2024. Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), essa taxa deve se manter próxima a 4% ao ano até 2027.

Se há um evidente impacto causado pela IA e pelos data centers, o crescimento econômico de outros países, principalmente China, Índia e vizinhos do sudeste asiático, não pode ser desprezado, assim como o aumento do uso de aparelhos elétricos.

Big techs investem em startups nucleares

Nesse cenário, Amazon, Google, Meta e Microsoft têm investido ou firmado acordos para comprar energia de algumas startups nucleares. Entre elas estão:

  • Kairos Power: acordou a venda de 500 megawatts para o Google até 2035. Usa sal fundido para refrigeração, oferecendo maior segurança operacional. Já recebeu US$ 629 milhões do governo dos EUA e iniciou a construção de dois reatores de teste no Tennessee;
  • Oklo: fundada com apoio do CEO da OpenAI, Sam Altman, desenvolve reatores refrigerados a metal líquido, focados em reduzir resíduos nucleares. Após ter sua primeira licença negada, planeja reaplicar em 2025 e já fechou acordo para fornecer energia a data centers;
  • Saltfoss: também trabalha com reatores refrigerados a sal fundido, mas planeja instalar múltiplos módulos em barcaças para gerar energia móvel. Contou com investimentos de Bill Gates e Peter Thiel;
  • TerraPower: criada por Gates, desenvolve o reator Natrium, que usa sódio líquido e armazenamento de energia térmica em sal fundido para manter operação estável mesmo com variações na demanda. A construção do primeiro complexo começou em 2024;
  • X-Energy: captou US$ 700 milhões em 2024 com o fundo da Amazon e firmou contratos para implantar 300 megawatts na Virgínia e no noroeste do país, próximo ao oceano Pacífico. Seu reator Xe-100 é refrigerado a gás hélio e utiliza combustível em pequenas esferas que geram energia para turbinas.
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