Inteligência Artificial

Gemini vasculha até seu Gmail para criar 'mensagens mais humanas'

IA do Google acessa histórico de e-mails para redigir textos “mais humanos”, mas acende alerta sobre privacidade

Gemini oferece nível de personalização mais profundo, constantemente alimentado pelas interações do usuário com ferramentas do Google (Google/Divulgação)

Gemini oferece nível de personalização mais profundo, constantemente alimentado pelas interações do usuário com ferramentas do Google (Google/Divulgação)

Publicado em 7 de julho de 2025 às 09h51.

Última atualização em 7 de julho de 2025 às 09h51.

Quem nunca precisou enviar um texto de aniversário para um amigo, mas sem tempo de escrever algo pessoal? O Google agora oferece uma solução usando inteligência artificial para criar mensagens sob medida, vasculhando seus e-mails e conversas antigas para acertar no tom. Algo prático, mas que levanta preocupações sobre privacidade.

O Gemini, chatbot de IA do Google, demonstrou sua capacidade de redigir cartas altamente personalizadas com um simples prompt, ou comando curto, de nove palavras. O resultado foi um texto que soava escrito por uma pessoa real, cheio de detalhes de conversas passadas e até com a data de nascimento correta do amigo homenageado, mesmo com poucos dados informados (apenas nome e idade).

Esse nível de personalização está disponível no plano AI Pro, que integra o Gemini a serviços como Gmail, Google Drive e Planilhas. Assim, a IA consegue resumir e-mails, criar gráficos ou redigir mensagens inteiras usando o histórico pessoal do usuário como fonte. A ideia é simples: aproveitar o enorme banco de dados que o Google já possui para oferecer respostas mais relevantes e adaptadas.

O que diferencia o Gemini de sistemas como o ChatGPT é justamente esse acesso profundo. Enquanto o ChatGPT padrão depende das informações dadas na hora da interação, o Gemini usa dados acumulados ao longo do tempo para entregar respostas mais contextuais e alinhadas ao estilo do usuário — seja para cartas de apresentação, listas de leitura ou mensagens pessoais.

Privacidade vira questão central

O Google aposta no próprio ecossistema — o conjunto de serviços conectados que concentra dados do usuário — para viabilizar essa personalização. Mas isso também reacende o debate sobre privacidade: quanto mais dados são reunidos e analisados, maior o risco de vazamentos ou de usos não desejados.

Concorrentes como a OpenAI também buscam oferecer personalização com recursos como a “memória” do ChatGPT, mas costumam depender menos de dados guardados em serviços de e-mail ou nuvem. O diferencial do Google é a escala e a riqueza dos dados históricos reunidos em plataformas como Gmail e Drive.

O tema se torna ainda mais relevante hoje porque a IA está cada vez mais presente em tarefas cotidianas. Ferramentas que antes geravam textos frios ou genéricos agora produzem mensagens íntimas, aproximando o limite entre o que é feito por humanos e o que é gerado por máquina. Esse avanço exige discussão sobre até onde vale abrir mão da privacidade em troca de conveniência.

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