Huawei: modelo Atlas 950 SuperCluster deve reunir mais de 500 mil chips Ascend a partir de 2026 (Xavi Torrent/Getty Images)
Redatora
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 08h45.
A Huawei anunciou nesta quinta-feira, 18, novos sistemas de computação baseados em seus chips Ascend, em um movimento para reforçar a posição da empresa chinesa no mercado de inteligência artificial e disputar espaço com a norte-americana Nvidia.
Durante o evento anual Huawei Connect, realizado em Xangai, a companhia detalhou pela primeira vez o cronograma de desenvolvimento de seus chips Ascend de inteligência artificial e Kunpeng para servidores, com lançamentos previstos até 2028.
Segundo a Huawei, o novo Atlas 950 SuperCluster será lançado a partir de 2026 e reunirá mais de 500 mil chips Ascend, desenvolvidos pela própria empresa. Esse tipo de supercomputador funciona como uma grande rede de processadores interligados, capazes de trabalhar juntos para aumentar o poder de computação necessário em tarefas de inteligência artificial.
Na prática, cada unidade chamada supernode reúne milhares de chips. O Atlas 950 terá capacidade para 8.192 chips em cada unidade, enquanto o modelo seguinte, o Atlas 960 (previsto para 2027) ampliará esse número para 15.488. Segundo a Huawei, o supercluster completo poderá alcançar mais de 1 milhão de chips interconectados.
A companhia declarou ainda que o Atlas 950 terá 6,7 vezes mais poder de processamento do que o NVL144, sistema da Nvidia previsto também para 2026.
A empresa acrescentou que o supercluster superará em 30% o Colossus, supercomputador de inteligência artificial em desenvolvimento pela xAI, de Elon Musk.
O anúncio da Huawei ocorre em meio ao aumento das restrições da China contra a Nvidia. Nesta semana, autoridades chinesas estenderam uma investigação antitruste sobre a fabricante norte-americana e, segundo o jornal Financial Times, ordenaram que grandes empresas locais de tecnologia suspendessem pedidos de chips da companhia.
As ações da Nvidia caíram mais de 2% na quarta-feira, 17, após a notícia de que Pequim teria proibido testes e compras do chip RTX Pro 6000D.
O movimento da Huawei acontece também às vésperas de uma reunião entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da China, Xi Jinping, marcada para esta sexta-feira, 19. A expectativa é de que os dois líderes discutam questões comerciais, incluindo a disputa em torno de tecnologias estratégicas como os chips de inteligência artificial.