Jensen Huang: CEO da Nvidia quer manter empresa no topo (Justin Sullivan/Getty Images)
Repórter
Publicado em 23 de maio de 2025 às 07h38.
Última atualização em 23 de maio de 2025 às 07h43.
A Nvidia (NVDA) tem passado por poucas e boas nos últimos meses.
Mas a principal ambição de Jensen Huang, CEO da empresa, é se manter no trono do setor de Inteligência Artificial (IA).
Em meio a restrições comerciais dos Estados Unidos, queda no investimento de gigantes da computação em nuvem e desafios geopolíticos, a empresa busca novas estratégias para continuar crescendo e dominando o mercado, avaliada a US$ 3,24 trilhões.
As restrições impostas pelo governo americano aos produtos de alta tecnologia afetaram diretamente a Nvidia, que perdeu participação no mercado chinês ao retirar alguns de seus chips e oferecer versões alternativas para se adequar às políticas vigentes.
Ao mesmo tempo, gigantes como Microsoft e Google sinalizam cortes nos gastos com IA, o que aumenta a preocupação dos investidores sobre uma possível desaceleração no setor.
Apesar disso, Huang mantém otimismo.
Para ele, a infraestrutura de IA está sendo construída em escala global e fará parte integral da sociedade no futuro próximo. A visão foi destacada durante sua participação na Computex, feira de tecnologia em Taipei, onde recebeu forte apoio da indústria local e anunciou novidades.
Entre as principais novidades apresentadas, está o NVLink Fusion, uma tecnologia que permite que empresas conectem chips personalizados à plataforma de IA da Nvidia.
Segundo Huang, isso transforma a Nvidia numa plataforma sobre a qual outras companhias podem construir seus próprios produtos, sem precisar desenvolver toda a infraestrutura de hardware do zero.
Outro movimento importante da Nvidia foi a entrada no mercado empresarial com o lançamento de uma linha de servidores descritos por Huang como “supercomputadores de IA para empresas”. Esses servidores são versáteis e podem ser usados para diversas finalidades, incluindo gráficos, máquinas virtuais e aplicações de IA.
Apesar do potencial, o mercado corporativo é mais desafiador para expansão devido ao tamanho menor dos contratos e ao maior tempo necessário para fechamento de negócios. Analistas apontam que a Nvidia já está se aproximando dos limites na ampliação da base de clientes nessa área.
Taiwan desempenha papel fundamental na estratégia da Nvidia, sendo lar de gigantes tecnológicos como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co (TSMC), principal fabricante dos chips da empresa.
A rede de centenas de empresas taiwanesas — de grande a pequeno porte — é essencial para montar a infraestrutura complexa que sustenta os sistemas de IA da Nvidia.
Durante a Computex, Huang foi amplamente reconhecido como um líder, especialmente por executivos como Young Liu, da Foxconn, que o chamou de “líder da equipe Taiwan”. Gestos simbólicos, como o presente de pedaços de goiaba do CEO da MediaTek, Rick Tsai, reforçaram sua forte ligação com a indústria local.
A gigante da tecnologia registrou um lucro de US$ 22 bilhões no quarto trimestre do ano fiscal de 2025, um aumento significativo em comparação aos US$ 12,2 bilhões obtidos no mesmo período do ano anterior.
Para o trimestre encerrado em 26 de janeiro de 2025, a empresa reportou uma receita de US$ 39,3 bilhões, o que representa um crescimento de 12% em relação ao trimestre anterior e um aumento de 78% na comparação anual.
Além disso, setores como jogos, automotivo e visualização profissional também apresentaram crescimento expressivo. A companhia anunciou um desdobramento das ações e aumento dos dividendos, além de projeções otimistas para o próximo trimestre, destacando especialmente os processadores Blackwell, que geraram US$ 11 bilhões em receita.
Instituições financeiras como Morgan Stanley e Bank of America mantêm recomendações positivas para a empresa, ressaltando sua liderança no mercado de semicondutores e inteligência artificial.
Apesar dos desafios enfrentados, como a desaceleração na produção de chips e os riscos geopolíticos, os analistas consideram esses obstáculos temporários, apontando um potencial de valorização impulsionado pela crescente demanda por soluções de IA. E Huang parece concordar.