Mark Zuckerberg: CEO da Meta (Montagem EXAME/ /Wikimedia Commons)
Redator
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 11h40.
A Meta gastou milhões de dólares nos últimos meses recrutando talentos de inteligência artificial de peso, mas agora enfrenta o desafio de integrar esses novos profissionais aos seus colegas, o que não tem sido exatamente fácil.
Alguns dos mais caros recrutados por Mark Zuckerberg, inclusive, já deixaram a empresa para se juntar a outros laboratórios de IA, enquanto funcionários antigos buscam novas posições na estrutura reorganizada da Meta ou aumentos, devido aos altos salários dos recém-chegados.
Segundo o Wall Street Journal, pelo menos um empregado da Meta decidiu sair da empresa mesmo tendo recebido uma polpuda comissão de alguns milhões de dólares, alegando que os novos contratados seguiam ganhando muito mais. Há notícias de pelo menos oito saídas desde a inauguração do Meta Superintelligence Labs (MSL), a nova iniciativa rumo à inteligência artificial geral (AGI) da empresa.
Apesar de seus pacotes de remuneração generosos e seu valor de quase US$ 2 trilhões, a Meta enfrenta um problema clássico de gestão: como recrutar, integrar e reter talentos de ponta, ao mesmo tempo que mantém a satisfação dos funcionários existentes e a harmonia dentro da organização?Laszlo Bock, ex-chefe de operações de pessoas do Google e consultor da indústria de tencologia, alerta que, sem uma base cultural sólida, a Meta corre o risco de perder talentos e desperdiçar milhões de dólares.
A nova equipe de elite de IA da Meta, conhecida como TBD Lab, ocupa uma área exclusiva no escritório de Menlo Park, perto da mesa de Mark Zuckerberg. Seu trabalho é altamente confidencial e os membros não aparecem no organograma interno da empresa, segundo o Wall Street Journal.
Por isso, algumas dessas medidas são vistas como distinções de status, em um momento no qual as equipes competem por recursos de computação e o congelamento das contratações torna difícil preencher cargos sem aprovação pessoal do diretor de IA da Meta, Alexandr Wang. Wang foi contratado a peso de ouro em um acquihire recorde que envolveu a compra de sua startup, a Scale AI, por US$ 14,3 bilhões.
Tendo recrutado mais de 50 especialistas, principalmente de OpenAI, Google, xAI e Apple, a Meta agora enfrenta dificuldades de integração dos novos nomes à antiga estrutura, além de ter problemas com a retenção dos talentos, já que a busca por empregados capacitados no Vale do Silício segue acirrada.
Em uma estratégia para manter seus quadros, a empresa aumentou os salários e transferiu alguns funcionários para o TBD Lab após ofertas de startups concorrentes. Um caso extremo é o de Shengjia Zhao, co-criador do ChatGPT, que decidiu deixar a Meta e retornar à OpenAI em menos de uma semana. No entanto, ele foi demovido da ideia pela oferta do título de cientista-chefe, além do triplo da compensação.
Em resposta, um porta-voz da Meta disse ao jornal que as reportagens sobre suas operações de IA se tratam de “mais uma série de afirmações falsas, exageradas ou distorcidas”.
A Meta não é a única gigante de IA enfrentando desafios nesse campo. A intensa disputa por talentos tem levado empresas de diversos portes a adotar medidas extremas para garantir a satisfação e retenção de seus funcionários, incluindo bônus milionários e pacotes de compensação cada vez mais generosos.
Com a competição se intensificando, muitas dessas empresas têm se esforçado para manter suas equipes motivadas e evitar que talentos estratégicos migrem para concorrentes. Principal alvo da ofensiva de Zuckerberg, a OpenAI anunciou um bônus especial para alguns funcionários na véspera do lançamento do GPT-5.
Enquanto isso, empregados da Safe Superintelligence, uma startup cofundada por Ilya Sutskever, cofundador da OpenAI e ele próprio alvo da Meta, são desencorajados de mencionar a empresa nos perfis no LinkedIn, como medida para evitar a atenção de possíveis recrutadores de concorrentes.