Redatora na Exame
Publicado em 30 de abril de 2025 às 10h42.
Meta lançou um aplicativo próprio para seu assistente de inteligência artificial, o Meta AI, com recursos que misturam funções típicas de chatbots com uma interface social semelhante à do Instagram. Entre os diferenciais está o recurso chamado Discover, uma espécie de feed interativo com respostas geradas por IA que podem ser curtidas, comentadas e até reutilizadas por amigos e seguidores.
Segundo Connor Hayes, vice-presidente de produto da empresa, o objetivo é “mostrar às pessoas o que elas podem fazer com a IA”, facilitando o engajamento por meio de experiências compartilhadas. Os posts visíveis no Discover são divulgados apenas com autorização dos usuários, e seguem o modelo prompt-by-prompt, ou seja, cada publicação mostra uma interação específica com o assistente.
O novo app substitui o View, até então o aplicativo dedicado aos óculos inteligentes Ray-Ban da Meta, e inclui um modo de voz conversacional inspirado no recurso avançado de voz do ChatGPT. Esse modo, chamado full-duplex, permite trocas com maior fluidez, incluindo sobreposição de fala e interjeições típicas de conversas humanas. A versão beta está disponível inicialmente nos EUA, Canadá, Austrália e Nova Zelândia.
Além da interface de voz, o app da Meta AI permite a personalização das respostas com base nos perfis do Facebook e Instagram. Isso significa que as interações com a IA podem variar conforme o comportamento do usuário nessas redes. Assim como o ChatGPT, o Meta AI também pode guardar informações fornecidas voluntariamente para ajustar futuras respostas.
A IA da Meta é baseada numa versão personalizada do modelo Llama 4, um sistema de linguagem treinado internamente pela empresa. Ainda sem suporte a buscas em tempo real, a ferramenta se concentra nas informações disponíveis no sistema e no contexto do usuário.
A decisão de fundir o aplicativo de IA com o dos óculos Ray-Ban sinaliza a intenção da Meta de consolidar seus planos de integrar software e hardware. A empresa já havia introduzido recursos de IA nos óculos, como o reconhecimento de objetos e a tradução simultânea. Ainda em 2024, está prevista a chegada de uma nova versão dos óculos com display embutido.
Segundo Hayes, apesar da criação do app dedicado, o principal volume de uso do Meta AI ainda vem da integração com Instagram, Facebook e WhatsApp. A IA é ativada, por exemplo, a partir da barra de busca nessas plataformas. A empresa afirma que a tecnologia já atingiu “quase” 1 bilhão de pessoas nesses canais.
A Meta é a primeira grande empresa a adicionar um componente social explícito a seu assistente virtual. No entanto, esse movimento já começa a se espalhar: o X, rede social de Elon Musk, integrou sua IA Grok à plataforma, e a OpenAI também planeja lançar um feed social dentro do ChatGPT.