Inteligência Artificial

O dilema da IA: aumentar a produtividade enquanto países ricos a perdem

Com crescimento anual de apenas 0,8%, avanço tecnológico não tem revertido queda de produtividade em economias desenvolvidas

Embora IAs aliviem tarefas rotineiras e repetitivas, saltos de inovação ainda vêm de mentes humanas (Getty Images)

Embora IAs aliviem tarefas rotineiras e repetitivas, saltos de inovação ainda vêm de mentes humanas (Getty Images)

Publicado em 17 de junho de 2025 às 09h57.

Última atualização em 17 de junho de 2025 às 10h02.

Desde o lançamento do ChatGPT, em novembro de 2022, a inteligência artificial tem sido vista como aliada no ganho de eficiência. Mas, mesmo com a aceleração digital, a produtividade em países desenvolvidos segue em queda.

Dados históricos mostram que, nas últimas cinco décadas, o avanço tecnológico não se converteu necessariamente em mais resultados econômicos. Em 1990, o crescimento da produtividade do trabalho nas economias avançadas era de 2% ao ano — hoje, está próximo de 0,8%. A internet e os computadores prometiam transformar o conhecimento em inovação acessível, mas o número de descobertas disruptivas também diminuiu.

Estudos sugerem que a fragmentação da atenção pode estar entre os entraves. Carl Frey, professor da Universidade de Oxford, avalia que a diversidade de projetos simultâneos compromete a inovação. Pesquisadores sobrecarregados tendem a produzir menos. O padrão oposto aparece em inventores como Isaac Newton e Steve Jobs, que se dedicaram a resolver um único problema por vez.

Além disso, os large language models — grandes modelos de linguagem como o GPT-4 — trabalham com padrões estatísticos e tendem a reforçar o senso comum. Quando treinados com dados históricos, podem até reproduzir ideias equivocadas do passado. Embora reduzam tarefas repetitivas, não há evidências de que possam gerar inovação genuína de forma autônoma.

Futuro da IA

A avaliação é compartilhada por Demis Hassabis, CEO da Google DeepMind. Ele sustenta que a chamada AGI, ou inteligência artificial geral, ainda exige avanços tecnológicos que não foram alcançados. Para Hassabis, os ganhos recentes são importantes, mas insuficientes para sustentar um salto na produtividade global.

A curto prazo, os benefícios já são perceptíveis. Um estudo com 7 mil profissionais mostrou que o uso de IA no trabalho reduziu em 3,6 horas semanais o tempo gasto com e-mails. Porém, se o uso da IA for massificado, o volume de e-mails pode crescer, anulando parte dessa eficiência.

Como já se viu nos anos 1990, novas ferramentas digitais, como planilhas e IA, podem gerar ganhos temporários, mas não garantem avanços sustentáveis sem mudanças mais estruturais. A promessa de um novo ciclo de produtividade ainda depende de apostas criativas, e não apenas de automação.

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