Inteligência Artificial

O que notamos de mais inovador no navegador Atlas, da OpenAI, e que concorre com o Chrome

O ChatGPT Atlas mistura pesquisa, memória e automação de tarefas num mesmo espaço, e promete reinventar a navegação online com IA que pensa e age pelo usuário

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 22 de outubro de 2025 às 08h04.

Última atualização em 22 de outubro de 2025 às 08h21.

OpenAI oficializou o que parece ser seu movimento mais ambicioso desde o lançamento do ChatGPT: transformar o próprio navegador da internet em uma interface de inteligência artificial. Batizado de ChatGPT Atlas, o novo browser foi apresentado por Sam Altman em uma transmissão ao vivo e já está disponível globalmente para macOS — com versões para Windows, iOS e Android a caminho.

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O Atlas combina as funções de um navegador tradicional com o que a empresa chama de “modo agente”: uma camada que permite que o ChatGPT execute ações dentro do próprio sistema. Em vez de apenas responder perguntas, o assistente agora pode reservar voos, editar documentos, preencher formulários e gerenciar e-mails diretamente do navegador.

Sam Altman: CEO da OpenAI (Florian Gaertner/Getty Images)

Segundo Altman, a ambição é simples e monumental: “Queremos redefinir o modo como as pessoas usam a internet. O navegador pode se tornar a experiência de chat definitiva”.

O navegador que lembra de você

O diferencial mais notável do Atlas está na memória persistente. Cada aba, busca ou comando alimenta uma base que o ChatGPT usa para entender preferências e histórico de uso. “A ideia é torná-lo mais personalizado e mais útil a cada sessão”, explicou Adam Fry, líder de produto de busca. O navegador “lembra” o que o usuário costuma pesquisar, os sites que visita e até o estilo de texto que prefere — mas também permite apagar ou revisar essas memórias nas configurações.

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Essa personalização vai além de simples recomendações. Durante a demonstração, engenheiros da OpenAI mostraram o Atlas ajudando a reescrever trechos de um e-mail com apenas um clique, por meio do recurso “cursor chat”. O sistema identifica o texto selecionado e sugere melhorias de forma contextual — uma espécie de editor embutido em tempo real.

Outra inovação é o modo dividido: ao clicar em um resultado de busca, o navegador exibe simultaneamente a página original e a conversa com o ChatGPT. A proposta é manter o assistente como um “companheiro constante de navegação”, que explica, resume e comenta o conteúdo visualizado sem que o usuário precise alternar de janela.

O passo seguinte na guerra dos navegadores com IA

O Atlas nasce no meio de uma disputa crescente pelo controle da navegação assistida por IA. A Google anunciou a integração profunda do Gemini ao Chrome, capaz de executar tarefas automáticas como compras e agendamentos. Já a Perplexity lançou o navegador Comet, que substitui listas de links por respostas completas, integradas a ferramentas de produtividade.

O diferencial da OpenAI é levar a automação para dentro do próprio navegador, com IA que atua como operador digital — um conceito que a empresa vem testando desde o projeto “Operator” e agora consolida em escala comercial.

O engenheiro Ben Goodger, que ajudou a desenvolver o Chrome e o Firefox, foi direto durante o evento: “O Atlas é o primeiro navegador que não só mostra a internet, mas entende o que você está fazendo nela.”

O futuro da navegação como diálogo

Ao colocar o ChatGPT no centro da experiência de navegação, a OpenAI propõe uma ruptura de paradigma: a web deixa de ser um lugar para buscar e passa a ser um lugar para conversar. Se o Google construiu a era da pesquisa, o Atlas tenta inaugurar a era da interação — em que cada clique é mediado por um assistente capaz de agir por conta própria.

Ainda há perguntas em aberto sobre privacidade, armazenamento de dados e a transparência do modo agente. Mas o movimento marca um novo capítulo nas chamadas “guerras dos navegadores de IA” — e sinaliza que o futuro da internet pode caber em uma janela de chat.

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