Digit, humanoide da Agility Robotics, durante um teste em um armazém da Amazon (Agility/Divulgação)
Redator
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 11h30.
Robôs humanoides estão deixando de ser produtos de ficções científicas hollywoodianas e começam a ganhar espaço em fábricas, armazéns e até competições internacionais, como as “Olimpíadas de Robôs” realizadas na China em agosto. O movimento atrai bilhões de dólares em investimentos para acelerar tanto sua aplicação industrial quanto sua expansão para o dia a dia.
Por décadas tratados como protótipos de laboratório, androides começam a entrar em rotinas industriais. O avanço combina melhorias em equilíbrio, baterias e inteligência artificial com forte apoio financeiro: mais de US$ 5 bilhões em capital de risco foram investidos em startups desde o início de 2024, segundo a PitchBook, além das apostas das big techs.
Um dos exemplos é a Agility Robotics, fundada há dez anos a partir da Universidade Estadual do Oregon. Em um galpão próximo a um centro logístico da Amazon, seus robôs de pernas longas e braços articulados já movimentam caixas entre esteiras. A companhia projeta fabricar até 10 mil unidades por ano e recebeu US$ 150 milhões da varejista em 2022.
Hoje, a Amazon, que já testou os humanoides da Agility Robotics em seus depósitos, opera mais de 1 milhão de robôs em sua cadeia logística, número que se aproxima de seus 1,5 milhão de funcionários humanos.
Outros gigantes também disputam espaço. Jensen Huang, CEO da Nvidia, comparou o momento atual ao lançamento do ChatGPT e disse que a virada para “a robótica geral está próxima”. Elon Musk, que desenvolve o robô Optimus pela Tesla, já declarou que os humanoides poderão se tornar “o maior produto da história”. Google e Meta também trabalham em parcerias com fabricantes para integrar IA às máquinas.
Na China, líder mundial em manufatura complexa e o maior mercado de robôs industriais, o governo subsidia o setor como parte de sua “estratégia nacional”. Empresas locais, como a Unitree, já oferecem modelos por cerca de US$ 16 mil.
Apesar do entusiasmo, especialistas alertam para limitações técnicas e riscos de segurança. Robôs bípedes precisam de energia constante para se equilibrar e podem cair em caso de falha. A destreza manual também ainda é limitada, com tarefas simples para humanos, como quebrar um ovo, continuando a ser um desafio.
Por ora, aplicações em armazéns e fábricas de autopeças são vistas como primeiro passo. A expectativa é que, com ganhos de escala e avanços em IA, humanoides possam avançar para setores domésticos e de assistência a idosos.