Além das duas ferramentas da série Pangu, Huawei transformou em código aberto algumas tecnologias de raciocínio de modelos (Jason Alden/Bloomberg/Getty Images)
Redator
Publicado em 1 de julho de 2025 às 11h11.
Após o Baidu mudar de lado e começar a transformar seu modelo de inteligência artificial generativa Ernie em código aberto, a também chinesa Huawei seguiu o mesmo caminho e abriu duas de suas ferramentas da série Pangu, além de algumas tecnologias de raciocínio de modelos. Anunciada nesta segunda-feira, 30, essa decisão visa fortalecer seu ecossistema de IA e expandir sua presença no mercado global.
Essas novas iniciativas da Huawei não apenas solidificam sua posição como um ator importante no campo dos modelos de linguagem de grande escala (LLMs), mas também a fortalecem em toda a cadeia de valor da área. Isso ocorre enquanto a empresa tenta superar as restrições dos EUA, que dificultam a exportação de chips essenciais, como os da Nvidia, para o desenvolvimento de data centers e ferramentas de IA na China.
Nos últimos anos, a Huawei passou de uma empresa de telecomunicações competente para um "gigante tecnológico", abrangendo toda a pilha de hardware e software de IA, segundo Paul Triolo, parceiro da consultoria DGA-Albright Stonebridge Group. A empresa descreveu a abertura de código como uma medida essencial para a estratégia do ecossistema Ascend, que visa acelerar a adoção da IA em "milhares de indústrias". Ele tem como base a linha de chips de mesmo nome da empresa, amplamente considerada como a principal concorrente da Nvidia na China.
Ao disponibilizar o Pangu em código aberto, a Huawei permite que desenvolvedores e empresas testem os modelos e personalizem de acordo com suas necessidades, incentivando também o uso de outros produtos da companhia. Especialistas apontam que a combinação dos modelos Pangu com os chips de IA da Huawei oferece uma vantagem única, permitindo otimizar soluções de IA.
Mesmo que esses movimentos de abertura de código sejam importantes e pressionem concorrentes como OpenAI e Anthropic, baseadas em modelos proprietários, a desconfiança em relação a produtos chineses pode ser um entrave para a adoção nos mercados europeu e norte-americano.
Por outro lado, enquanto as restrições à exportação e a guerra comercial seguem em andamento, gigantes tecnológicas chinesas, como as citadas Huawei e Baidu, além de Tencent e Alibaba, continuam fazendo investimentos bilionários em ferramentas e infraestrutura para IA, com o objetivo de internalizar o desenvolvimento tecnológico e, com isso, abastecer um mercado estimado em US$ 50 bilhões e que concentra cerca de metade dos pesquisadores de IA no mundo.