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Como ensinar seus filhos a investir desde cedo

Veja como introduzir a educação financeira na infância e ensinar seus filhos a guardar dinheiro, planejar gastos e dar os primeiros passos nos investimentos

A pesquisa do Serasa revelou que 7 em cada 10 pais desconhecem soluções financeiras para crianças, e 72% não fazem nenhum tipo de investimento ou poupança para os filhos atualmente. (Alistair Berg/Getty Images)

A pesquisa do Serasa revelou que 7 em cada 10 pais desconhecem soluções financeiras para crianças, e 72% não fazem nenhum tipo de investimento ou poupança para os filhos atualmente. (Alistair Berg/Getty Images)

Luanda Moraes
Luanda Moraes

Colaboradora

Publicado em 5 de agosto de 2025 às 21h25.

Sete em cada dez pais brasileiros desconhecem produtos financeiros voltados para crianças, enquanto 72% sequer fazem algum tipo de poupança ou investimento para os filhos. Os números da pesquisa do Serasa, realizada em 2023, revelam uma realidade preocupante sobre o despreparo das famílias em relação ao futuro financeiro dos pequenos.

Esse paradoxo fica ainda mais evidente quando se observa que 78,5% das famílias brasileiras estão endividadas, segundo os dados mais recentes da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É diante desse cenário que a educação financeira infantil se revela cada vez mais importante para quebrar o ciclo de endividamento que afeta quase oito em cada dez lares no país.

Por que ensinar investimentos desde cedo é importante

A educação financeira infantil vai muito além de ensinar a guardar moedas em um cofrinho, já que se trata de desenvolver uma mentalidade que compreende o valor do dinheiro, a importância do planejamento e a diferença entre necessidades e desejos. Crianças expostas a esses conceitos desde cedo tendem a se tornar adultos mais equilibrados financeiramente.

Diversos estudos indicam que o cérebro infantil absorve conceitos com mais facilidade, tornando essa fase ideal para introduzir noções sobre poupança e investimentos. Além disso, quando as crianças aprendem a postergar gratificações, esperando para comprar algo que desejam muito, desenvolvem habilidades cruciais para a vida adulta, como paciência e disciplina.

Como começar a falar sobre dinheiro com seus filhos

Falar sobre dinheiro não precisa ser tabu. Na verdade, situações cotidianas oferecem oportunidades perfeitas para introduzir conceitos financeiros. Durante as compras no supermercado, por exemplo, é possível explicar por que escolher determinado produto em vez de outro, comparando preços e qualidade.

Para crianças menores, transformar essas conversas em brincadeiras facilita o aprendizado. Montar uma lojinha em casa, onde elas possam "vender" brinquedos usando dinheiro de mentira, ajuda a compreender conceitos como troco, valor e negociação. Já com os maiores, vale a pena incluí-los em decisões familiares simples, como renovar material escolar e itens básicos, escolher presentes ou até o destino das férias considerando o orçamento disponível.

Use a mesada como ferramenta de educação financeira

A mesada é sem dúvida uma ferramenta muito útil de educação financeira para crianças. Mais do que simplesmente dar dinheiro, a dinâmica ajuda a estabelecer regras claras, a criar noções de prioridade e a ensinar sobre responsabilidade. O valor deve ser adequado à idade e às necessidades da criança, e principalmente, precisa ter limite.

Estabelecer que o valor deve durar até o final do período acordado ensina planejamento e controle de gastos. Se a criança gastar tudo nos primeiros dias, resistir à tentação de dar mais dinheiro é o que deve guiar os pais. Essa experiência também tende a desenvolver melhores hábitos de consumo.

Uma estratégia interessante consiste em dividir a mesada em três partes: uma para gastos imediatos, outra para objetivos de médio prazo e uma terceira para poupança de longo prazo. Essa divisão introduz naturalmente conceitos de orçamento e investimento.

Ensine a diferença entre os principais investimentos

Explicar investimentos para crianças requer criatividade e simplicidade. Comece com conceitos básicos:

  • Poupança: compare com um cofrinho que rende um pouquinho a mais do que guardar em casa. Explique que o dinheiro "trabalha" enquanto está guardado, crescendo devagar, mas com segurança.
  • Renda fixa (CDB, LCI, LCA): use a analogia de emprestar dinheiro para alguém de confiança que promete devolver com juros. Quanto mais tempo emprestar, mais recebe de volta.
  • Fundos de investimento: como juntar dinheiro com outras pessoas para comprar algo maior e melhor, dividindo os ganhos proporcionalmente.
  • Previdência privada: um supercofrinho para objetivos muito distantes, como a faculdade ou o primeiro carro.
  • Ações: explicar que é como ser "dono de um pedacinho" de empresas grandes, participando dos lucros quando elas vão bem.

O importante é adequar a linguagem à idade, usando exemplos do universo infantil. É claro que, para adolescentes, já é possível aprofundar conceitos como risco e retorno, sempre mantendo a conexão com objetivos práticos e tangíveis.

O exemplo dos pais é fundamental

Crianças aprendem muito mais observando do que ouvindo. Por isso, o comportamento financeiro dos pais influencia diretamente a relação que os filhos desenvolverão com o dinheiro. Demonstrar hábitos saudáveis, como pesquisar preços antes de comprar, evitar compras por impulso e separar uma parte do salário para investimentos, ensina mais do que qualquer conversa.

Compartilhar decisões financeiras apropriadas também estimula o aprendizado. Ao traçar uma compra maior, como um eletrodoméstico, envolver as crianças no processo de pesquisa e decisão mostra na prática como funciona o planejamento financeiro.

Vale ressaltar que erros financeiros dos pais, quando compartilhados de forma adequada, também ensinam. Explicar que determinada compra não foi a melhor decisão e o que seria feito diferente hoje passa noções importantes sobre o aprendizado contínuo.

É possível abrir uma conta para menores de idade?

Atualmente, diversos bancos e fintechs oferecem conta para menor de idade investir, proporcionando uma experiência prática e supervisionada de gestão financeira. Essas contas geralmente permitem que jovens tenham acesso a cartões de débito, realizem transferências e até mesmo façam seus primeiros investimentos, sempre com supervisão dos responsáveis.

As opções disponíveis no mercado variam em idade mínima, que pode começar desde o nascimento até os 8 ou 10 anos, dependendo da instituição.

Essas contas permitem que os pais acompanhem todas as movimentações, estabeleçam limites e orientem os filhos em tempo real. Muitas, inclusive, oferecem conteúdo educativo dentro dos próprios aplicativos. Algumas disponibilizam funcionalidades como cofres digitais que investem automaticamente, programas de cashback e até mesmo acesso a produtos de renda fixa e previdência privada.

Para investimentos para menores de idade, é importante verificar quais instituições permitem aplicações e em quais modalidades. A previdência privada infantil, por exemplo, se destaca como opção de longo prazo, permitindo diluir os esforços financeiros ao longo do tempo e possibilitando usos diversos quando o jovem atingir a maioridade, seja para custear a faculdade, comprar o primeiro carro ou formar uma reserva de emergência.

O controle parental é característica fundamental dessas contas, garantindo que os responsáveis possam monitorar transações, definir limites de gastos e aprovar determinadas operações. Essa supervisão garante segurança enquanto permite que os jovens ganhem autonomia gradualmente.

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