Com crescimento consistente, múltiplas formas de entrada e potencial de valorização acima da média, o setor atrai cada vez mais atenção. (Corbis/Getty Images)
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Publicado em 1 de agosto de 2025 às 17h23.
O mercado de luxo brasileiro vive um momento de expansão e brisas de otimismo. Depois de registrar crescimento de 11,7% em 2024, o setor projeta alta de 15% para este ano, surfando uma onda global que está prevista para movimentar US$ 1,7 trilhão até 2030. Para quem busca alternativas de investimento, esse universo de grifes, joias e experiências exclusivas deixou de ser apenas símbolo de status para se tornar opção relevante e atrativa de diversificação de portfólio.
Mais do que preços elevados, o mercado de luxo se caracteriza pela combinação de exclusividade, qualidade excepcional e valor simbólico. Engloba desde bolsas de grife e relógios suíços até carros esportivos, obras de arte e experiências gastronômicas em restaurantes estrelados.
No Brasil, esse ecossistema inclui marcas internacionais de moda, joalheria e automóveis, além de empresas nacionais listadas na bolsa nos setores de acessórios e calçados. O setor movimenta diferentes indústrias – moda, joalheria, automóveis, hospitalidade e até tecnologia, com o surgimento dos NFTs (tokens não fungíveis) e produtos digitais exclusivos.
O que diferencia esse mercado é sua resiliência econômica. Enquanto outros setores sofrem com crises, o luxo mantém demanda relativamente estável. Seus consumidores possuem alto poder aquisitivo e priorizam qualidade e exclusividade sobre preço, criando um ambiente de negócios menos suscetível a oscilações.
Ao contrário do que muitos imaginam, para investir no setor de luxo não precisa ser milionário. Existem diferentes portas de entrada, adequadas a diversos perfis e bolsos. A mais democrática é através da bolsa de valores, onde é possível comprar ações de empresas do setor com valores acessíveis.
Por exemplo, é possível adquirir ações de conglomerados internacionais de moda e joalheria ou empresas brasileiras do setor de acessórios e calçados de alto padrão por valores que cabem no orçamento de investidores iniciantes. Já quem possui mais capital pode partir para investimentos diretos em produtos, como relógios de marcas prestigiadas ou obras de arte.
Vale destacar que as gerações Millennial (nascidos entre 1981 e 1996) e Z (após 1997) estão redefinindo o perfil do investidor nesse mercado. Com expectativa de crescimento de renda de dois dígitos até 2040, esses grupos buscam não apenas retorno financeiro, mas também propósito e identidade nas marcas em que investem.
Para entrar no mercado de luxo, existem basicamente três estratégias principais, cada uma com características específicas.
Ações na bolsa de valores são a forma mais acessível. Empresas dos setores de moda, joalheria, relojoaria e acessórios de alto padrão, tanto internacionais quanto brasileiras, permitem que investidores se tornem sócios de grandes marcas. A análise fundamentalista é essencial aqui – avaliar indicadores como P/L (Preço/Lucro), ROE (Return on Equity) e crescimento de receita ajuda a identificar as melhores oportunidades.
Produtos colecionáveis formam outra categoria que leva destaque. Relógios de alta relojoaria suíça podem valorizar até 10% ao ano no mercado secundário, e carros clássicos de marcas consagradas também entram nessa divisão.
Para quem também busca se alinhar com tecnologia, investimentos digitais e experiências representam a nova fronteira do mercado de luxo. NFTs de marcas prestigiadas, moda virtual para o metaverso e participações em negócios de hospitalidade de alto padrão são opções que atraem especialmente investidores mais jovens.
Como todo investimento, o mercado de luxo apresenta prós e contras que devem ser avaliados com atenção. Entre as vantagens, destaca-se a proteção contra inflação, já que produtos de luxo historicamente mantêm ou aumentam seu valor em períodos inflacionários, funcionando como hedge natural.
A rentabilidade elevada é outro atrativo. As margens de lucro do setor são tradicionalmente altas, já que os preços praticados superam significativamente os custos de produção. No Brasil, as grifes operam com preços 20% superiores aos dos Estados Unidos e 25% acima da Europa, segundo levantamento da Associação Brasileira das Marcas e Empresas de Luxo (Abrael) em parceria com a MCF Consultoria.
Além disso, o reconhecimento global das marcas oferece segurança adicional. Produtos icônicos de joalheria ou relojoaria são desejados mundialmente, garantindo liquidez mesmo em mercados secundários.
Por outro lado, existem riscos importantes. A volatilidade pode afetar principalmente ações do setor, que oscilam conforme expectativas de mercado e resultados financeiros. A pirataria é outra ameaça constante, uma vez que produtos falsificados prejudicam a imagem das marcas e podem impactar negativamente seus resultados.
A diversificação de investimentos ganha uma importância especial quando o assunto é o mercado de luxo. Concentrar recursos em um único tipo de ativo ou segmento aumenta exponencialmente os riscos. A estratégia mais inteligente é combinar diferentes abordagens.
Uma carteira equilibrada pode incluir ações de empresas estabelecidas para estabilidade, produtos colecionáveis para valorização no longo prazo e investimentos digitais para capturar tendências emergentes. Essa diversificação não apenas dilui riscos, mas também maximiza oportunidades de ganho.
Outro aspecto é a diversificação geográfica. Enquanto o mercado brasileiro cresce 15% ao ano, segundo a Abrael, a China já representa quase metade das vendas globais de luxo. Diante disso, investir em empresas com atuação internacional permite capturar o crescimento de diferentes mercados.
Também é importante considerar a sustentabilidade como critério de diversificação. Marcas que adotam práticas éticas e ambientalmente responsáveis tendem a atrair consumidores mais jovens e conscientes, representando o futuro do setor. Empresas de moda sustentável e joalheria ética ganham cada vez mais espaço no mercado.
Por fim, o timing dos investimentos deve ser diversificado. Em vez de alocar todo capital de uma vez, fazer aportes graduais permite aproveitar diferentes momentos de mercado e construir uma posição mais equilibrada ao longo do tempo.