O Comitê de Política Monetária (Copom) deu um sinal claro de que a Selic permanecerá no patamar de 15% ao ano pelo menos até 2026.
Colaboradora
Publicado em 28 de agosto de 2025 às 17h50.
Imagine receber uma ligação informando que seu carro quebrou e o conserto custará uma fortuna, ou então, descobrir que o plano de saúde não cobre determinado procedimento médico urgente. Atualmente, 78,5% das famílias brasileiras já possuem algum tipo de dívida, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), e para elas, situações assim podem transformar um imprevisto em uma bola de neve financeira difícil de lidar.
Em julho, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu um sinal claro de que a Selic permanecerá no patamar de 15% ao ano pelo menos até 2026, indicando uma janela interessante para quem deseja montar uma reserva de emergência. Com os juros nesse nível, investimentos mais conservadores roubam o protagonismo, já que unem rendimento atrativo com segurança e liquidez.
Uma reserva de emergência consiste em um montante financeiro separado especificamente para cobrir gastos inesperados, sem comprometer o orçamento mensal ou recorrer a empréstimos. Esse dinheiro precisa estar aplicado em investimentos de liquidez diária ou imediata, permitindo o resgate rápido quando necessário.
Diferentemente de outros objetivos financeiros, a reserva não visa alta rentabilidade, mas sim segurança e disponibilidade.
Viver é lidar com imprevistos constantemente, e nem sempre as pessoas estão preparadas financeiramente para eles. Construir uma reserva significa mais do que simplesmente guardar dinheiro, já que seu objetivo principal é proporcionar tranquilidade e a possibilidade de tomar decisões sem a pressão do desespero.
Além das emergências propriamente ditas, essa reserva também permite aproveitar oportunidades que surgem inesperadamente. Uma mudança de emprego que exige relocação, a chance de fazer um curso importante ou até mesmo a coragem de empreender se tornam possibilidades reais quando existe um respaldo financeiro.
Outro ponto importante é que todo perfil de investidor, do mais conservador ao mais arrojado, precisa formar sua reserva antes de pensar em outros investimentos. Trata-se da base de qualquer planejamento financeiro, pois garante que oscilações em investimentos mais arriscados não comprometam a estabilidade familiar.
O valor ideal da reserva de emergência varia conforme a estabilidade profissional e o padrão de vida familiar. Para funcionários públicos com estabilidade, um valor que cubra de 3 a 6 meses de despesas mensais costuma ser suficiente. Já trabalhadores com carteira assinada devem considerar entre 5 a 8 meses, enquanto profissionais autônomos e empresários precisam de uma margem maior, entre 8 a 12 meses de custos fixos.
Tenha em mente que para calcular esse montante é necessário conhecimento detalhado dos gastos mensais. Some todas as despesas essenciais como aluguel, alimentação, transporte, saúde e educação, e multiplique pelo número de meses desejado.
Uma família que gasta R$ 4.000 mensalmente, por exemplo, precisaria de R$ 24.000 para garantir seis meses de segurança.
A liquidez indica a velocidade com que um investimento pode ser transformado em dinheiro na conta. Para a reserva de emergência, essa característica torna-se fundamental, já que emergências não avisam quando vão acontecer.
Aplicações com liquidez diária permitem o resgate a qualquer momento, geralmente com o dinheiro disponível no próximo dia útil. Sendo assim, evite investimentos que exigem carência ou prazos longos para resgate, mesmo que ofereçam rentabilidade superior. Lembre-se de que o objetivo principal não é maximizar ganhos, mas garantir acesso imediato aos recursos.
O nível de risco aceitável para a reserva de emergência deve ser mínimo. Afinal, esses recursos constituem a última linha de defesa financeira da família, e qualquer possibilidade de perda pode comprometer seriamente o bem-estar familiar.
Priorize aplicações em instituições sólidas, com boa classificação de risco. Verifique também se o investimento conta com algum tipo de garantia, como a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ou a garantia do Tesouro Nacional. Essas proteções oferecem tranquilidade extra em momentos de instabilidade econômica.
A previsibilidade permite planejar com precisão quanto tempo leva para construir a reserva desejada. Investimentos pós-fixados, que acompanham indicadores como a Selic ou o CDI, oferecem essa característica, pois suas variações seguem tendências conhecidas da economia.
Com a Selic em alta, essas aplicações se tornam ainda mais atrativas. Um investimento que rende 100% do CDI, por exemplo, acompanhará de perto a taxa básica de juros, proporcionando ganhos reais acima da inflação no cenário atual.
Segurança vem em primeiro lugar, seguida pela facilidade de resgate e pela ausência de surpresas desagradáveis. Rentabilidade diária é outro aspecto importante. Diferentemente da poupança, que só credita rendimentos mensalmente, boas opções para reserva remuneram o capital todos os dias. Isso significa que mesmo resgates realizados no meio do mês não prejudicam os ganhos acumulados.
A simplicidade também conta pontos. Investimentos complexos, que exigem acompanhamento constante ou conhecimento técnico aprofundado, não se adequam ao perfil de uma reserva. O ideal são aplicações que funcionem no "piloto automático", rendendo consistentemente sem exigir atenção constante do investidor.
Construir uma reserva de emergência exige disciplina e planejamento, mas o processo se torna mais simples quando se segue uma estratégia bem definida. Primeiramente, comece pelo mapeamento completo das finanças pessoais para identificar exatamente quanto entra e quanto sai mensalmente do orçamento.
O próximo passo envolve estabelecer uma meta mensal realista de poupança, mesmo que inicialmente modesta, automatizando a transferência desse valor logo após o recebimento do salário. Isso auxilia a criar o hábito e evitar a tentação de gastar recursos que deveriam ser guardados.
Para acelerar a formação da reserva, considere destinar recursos extras como 13º salário, restituição do Imposto de Renda ou bonificações. Cada aporte adicional aproxima você do objetivo final. Lembre-se também de revisar periodicamente o valor necessário, ajustando conforme mudanças no padrão de vida ou na situação profissional.
O Tesouro Selic se destaca como uma das opções mais seguras do mercado brasileiro. Emitido pelo Governo Federal com o menor risco de crédito possível no país, esse título acompanha diretamente a taxa básica de juros e garante rentabilidade previsível durante todo o período de aplicação.
O resgate é processado em apenas um dia útil após a solicitação. A rentabilidade diária garante ganhos proporcionais mesmo quando se precisa do dinheiro antes do vencimento, sendo a única ressalva a incidência do Imposto de Renda conforme tabela regressiva que varia de 22,5% a 15% sobre os rendimentos.
Fundos de investimento a curto prazo se apresentam como uma alternativa interessante para investidores que preferem delegar a gestão dos recursos a profissionais especializados. Os fundos DI (atrelados ao CDI) ou referenciados DI aplicam majoritariamente em títulos públicos e privados de baixíssimo risco, mantendo a segurança necessária para a reserva.
Na seleção de um fundo adequado, três aspectos se mostram fundamentais: o prazo de resgate idealmente deve ser D+0 ou D+1, a taxa de administração precisa ser zero ou muito baixa, e o histórico do gestor deve demonstrar consistência ao longo do tempo.
O CDB com liquidez diária combina segurança e rentabilidade de forma equilibrada. A proteção do Fundo Garantidor de Créditos cobre até R$ 250 mil por CPF e instituição financeira, garantia que protege o investidor mesmo diante de um eventual problema com o banco emissor.
No mercado atual se encontram opções rendendo 100% do CDI ou mais, especialmente em bancos digitais que buscam atrair novos clientes. O ponto-chave está na comparação entre as alternativas disponíveis, sempre verificando a solidez da instituição antes de tomar qualquer decisão.