A origem desses movimentos geralmente está na high frequency trading (HFT) (coffeekai/Getty Images)
Publicado em 13 de maio de 2025 às 16h12.
Um dia aparentemente comum no mercado financeiro pode, em questão de segundos, se transformar em caos. A queda relâmpago e intensa de preços, conhecida como flash crash, ocorre tão rápido que poucos conseguem reagir. Esses episódios, muitas vezes corrigidos em minutos, são um alerta sobre a vulnerabilidade dos mercados em tempos de algoritmos velozes e liquidez instável.
O termo designa uma queda abrupta no valor de ativos financeiros, seguida de uma recuperação parcial ou total em um curto espaço de tempo. A principal característica é a velocidade: em segundos ou minutos, índices ou ações podem perder uma fatia relevante de valor, assustando investidores e operadores.
A origem desses movimentos geralmente está na high frequency trading (HFT), a negociação automatizada de ativos por algoritmos, aliada à falta momentânea de compradores no livro de ordens. Isso cria um efeito dominó de vendas que acelera o tombo dos preços.
O gatilho para um flash crash pode ser múltiplo. Ordens massivas de venda, erros de digitação (como o famoso "fat finger") ou falhas técnicas em sistemas de negociação são elementos comuns.
Mas é o comportamento reativo dos algoritmos que amplifica a turbulência. Ao detectar quedas, os sistemas passam a vender automaticamente, criando uma espiral descendente.
Se o mercado estiver com baixa liquidez — ou seja, com poucos compradores dispostos a adquirir os papéis — o impacto é ainda maior. Em alguns casos, práticas irregulares como o spoofing, quando ordens falsas são inseridas para manipular preços, também podem colaborar com o colapso momentâneo.
O HFT opera em frações de segundo, processando milhares de ordens antes que um investidor humano pisque. Seu diferencial é a velocidade e a capacidade de capturar pequenas variações de preço para gerar lucro com altíssimo volume.
Essa agilidade traz benefícios à dinâmica dos mercados: aumento da liquidez, redução dos spreads (diferença entre preço de compra e venda) e maior eficiência operacional.
Embora o HFT contribua para um mercado mais líquido e ágil, também apresenta riscos importantes. A mesma velocidade que viabiliza negociações vantajosas pode provocar oscilações violentas quando há distorções, erros ou decisões programadas sem supervisão humana.
Além disso, há um risco sistêmico, já que em momentos de instabilidade, ordens automáticas podem se multiplicar de forma desordenada, ampliando perdas e criando desconfiança generalizada. Para o investidor comum, é um cenário hostil e imprevisível.
O flash crash é um reflexo direto da convergência entre tecnologia e finanças. Investidores devem estar atentos a:
As autoridades reguladoras têm o desafio de equilibrar inovação com segurança. Após episódios como o Flash Crash de 2010, medidas de contenção foram adotadas, como interrupções automáticas de negociação (os chamados circuit breakers), mas o risco permanece.