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A América Latina precisa de uma 'big tech', diz CEO de dona do iFood

Prosus tem a ambição de criar empresas bilionárias: 'iFood ainda é pequeno perto do que pode vir a ser', afirma Fabricio Bloisi

Fabricio Bloisi, CEO da Prosus: 'holding' lançou BDR na B3 (Foto: Caue Diniz)

Fabricio Bloisi, CEO da Prosus: 'holding' lançou BDR na B3 (Foto: Caue Diniz)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 13h17.

Última atualização em 27 de outubro de 2025 às 13h22.

holding de tecnologia holandesa Prosus se tornou oficialmente uma opção de investimento para o investidor brasileiro. Nesta segunda-feira, a companhia listou seus BDRs (sigla em inglês para Brazilian Depositary Receipts) na B3. São ativos que têm como lastro as ações da Prosus negociadas na bolsa de Amsterdã e acompanham a variação de preço desses papéis. A empresa não é um nome tão conhecido do grande público, mas as suas investidas sim: OLX, Decolar, Sympla e a joia da coroa, o iFood.

"Criamos algo único, inimaginável e que permite, pela primeira vez na história deste país, a gente começar a tirar do dicionário a expressão 'síndrome de vira-lata'", afirmou Digo Barreto, CEO da plataforma de delivery, antes do toque simbólico de companhia no antigo pregão da bolsa de valores. Ao seu lado, estava seu antecessor, Fabricio Bloisi, que saiu da investida para a investidora, assumindo em 2024 o assento de CEO da Prosus, uma empresa com valor de mercado superior a US$ 160 bilhões.

"A América Latina precisa ter uma big tech e a Prosus está investindo para isso", afirmou o executivo.

Bloisi explica que, sob sua gestão, a Prosus passou a focar em três regiões: Europa, Índia e América Latina. "Queremos criar grupos de US$ 50 bilhões, US$ 100 bilhões nessas regiões".

Vem IPO por aí?

Prosus: toque de campainha em lançamento de BDR na B3 (Foto: Caue Diniz)

Prosus: toque de campainha em lançamento de BDR na B3 (Foto: Caue Diniz)

O objetivo da listagem de BDRs, de acordo com o CEO, é aproximar o investidor brasileiro de uma grande empresa de tecnologia fortemente baseada na América Latina. "Vai ter volume e gente interessada", disse Bloisi sobre o ativo que já pode ser negociado desde esta segunda-feira, 27, com o ticker PRBX.

"O iFood ainda é pequeno para o que ele vai ser. Criamos um ecossistema e estamos aqui listando [a Prosus] porque acho que essa história está só no começo", afirmou. O executivo afastou, por ora, a hipótese de uma oferta pública de ações na B3. "Vamos celebrar o BDR hoje, depois a gente vê o próximo passo".

Desde que Bloisi assumiu o comando da Prosus, a holding investiu mais de US$ 8 bilhões nas três regiões consideradas mais estratégicas. Aqui no Brasil, os principais destaques foram a compra da Decolar, em dezembro do ano passado, por US$ 1,7 bilhão; e a aquisição de 20% da CRMBonus, podendo chegar a 100% em 2028, por R$ 10 bilhões.

"Minha intenção é continuar investindo aqui. Temos aproximadamente US$ 10 bilhões em caixa", diz Bloisi. Segundo ele, os dias de pressão sobre resultados da holding ficaram para trás e, após anos de prejuízos, a Prosus passa por um "crescimento enorme de rentabilidade".

No Brasil, a estratégia é explorar integrações entre as investidas. iFood já responde por 4% de Decolar e vem crescendo de forma exponencial, afirmam os executivos. A parte de viagens dentro da plataforma de delivery tem pouco mais de quatro meses. Integrações com a startup Mevo, outra investida da Prosus que opera com prescrição médica digital, também está gerando "leads qualificados" para o iFood.

"Nosso processo de integração não acontece no sentido de consolidar e cortar custos. Nossa tese é trabalhar as empresas juntas para que cada uma delas possa valer mais", conclui Bloisi.

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