(Casas Bahia/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 10h03.
A Mapa Capital vai converter R$ 1,6 bilhão em dívidas das Casas Bahia em ações, tornando-se a maior acionista da companhia, com 85% dos papéis. A transação faz parte de um movimento de reestruturação financeira da varejista e já era esperado desde meados de junho, quando a gestora assumiu os passivos, parte de uma emissão de debêntures, que estavam nas mãos de Bradesco e Banco do Brasil.
O contrato firmado com os bancos e a empresa para a assunção das dívidas prevê a possibilidade de que a gestora vá vendendo sua participação a mercado em tranches, com o primeiro lock-up vencendo em três meses a partir da data de conversão.
Mas, em fato relevante, a Mapa afirmou seu compromisso de “longo prazo” com as Casas Bahia, sinalizando que vê na recuperação dos resultados uma forma de valorizar sua participação.
“Acreditamos no potencial do Grupo Casas Bahia. A evolução dos resultados operacionais reforça que a companhia está trilhando o caminho certo. A conversão representa um passo importante para o fortalecimento da estrutura de capital e para o alinhamento com uma visão de longo prazo”, disse no documento Fernando Beda, sócio da Mapa Capital.
Segundo ele, a visão é de “geração de valor sustentável, através das melhores práticas de governança e valorização da equipe de gestão que entrega resultados consistentes”.
Beda, ex-Itaú BBA, fundou a Mapa em 2013 junto com o colega de banco André Helmeister e Paulo Silvestri, que foi sócio da área de private equity da Rio Bravo Investimentos. A Mapa se define como uma gestora de soluções de capital e atua desde a assessoria de M&As até investimentos proprietários.
A conversão anunciada hoje vai provocar uma diluição brutal na base acionária das Casas Bahia, avaliada em menos de R$ 300 milhões na Bolsa. A família Klein, fundadora, que hoje tem 22% dos papéis, vai ter sua participação reduzida para menos de 5% do capital.
A conversão das debêntures deve reduzir a dívida das Casas Bahia de R$ 4,55 bilhões para R$ 2,98 bilhões e levar a alavancagem para 0,8 vez EBITDA, conforme divulgado pela companhia em junho. A expectativa é de uma economia anual de R$ 230 milhões em despesas com juros.
“O aumento de capital melhora significativamente nossaestrutura de capital, com impacto positivo na redução do nível de endividamento, que deve contribuir para uma redução relevante do custo financeiro, especialmente no atual cenário macroeconômico”, disse Renato Franklin, CEO do Grupo Casas Bahia, em, fato relevante.
Na emissão de hoje, cada nova ação vai sair a R$ 2,95. O valor equivale a 80% do valor da média ponderada das cotações da companhia nos últimos 90 dias.
Após a conversão, a Mapa Capital terá um “lockup”, ou seja, condições para a venda dos papéis. No trimestre logo após a operação, poderá alienar 10% das ações. Nos três meses posteriores a esse período, mais 15%.
No terceiro trimestre, o percentual sobe para 20% e no quarto, para 30%. No 16º mês após a conversão, o acionista terá permissão para vender os 10% restantes.
Resta saber quando a gestora efetivamente vai começar suas vendas — e quem terá interesse na compra. O filho do fundador, Michael Klein, já manifestou o interesse de voltar ao comando da companhia.