Warren Buffett: megainvestidor deve divulgar última carta na liderança da Berkshire hoje (Etienne DE MALGLAIVE / Colaborador/Getty Images)
Repórter
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 06h54.
O megainvestidor Warren Buffett divulga nesta segunda-feira, 10, sua última carta como CEO da Berkshire Hathaway (BRK/A).
Aos 94 anos, Buffett deixa o comando da empresa que lidera desde 1965 e que transformou em um conglomerado com valor de mercado próximo a US$ 1 trilhão. A carta deve conter observações sobre sua trajetória, filantropia e “outros assuntos de interesse público”, informou a Berkshire em comunicado recente.
Desde o anúncio de sua saída, feito em maio, Buffett adotou uma estratégia mais conservadora. A Berkshire foi vendedora líquida de ações por 12 trimestres consecutivos e não recomprou papéis nos últimos cinco. O conteúdo da carta deve refletir esse movimento, com foco na preservação de capital diante das condições de mercado.
Sob sua gestão, a companhia passou de uma empresa têxtil deficitária para um conglomerado com participações em empresas como Apple e Chevron. As ações da Berkshire cresceram mais de 5.502.000% desde 1965, com taxa composta anual de 19,9% — quase o dobro da média do S&P 500 no mesmo período.
O sucessor de Buffett será Greg Abel, atual vice-presidente responsável pelas operações fora do setor de seguros.
Buffett tem histórico de reconhecer erros e relatar aprendizados em suas cartas anteriores. Em 2008, durante a crise financeira global, citou diretamente decisões que considerou equivocadas, como a compra de ações da ConocoPhillips em um momento de alta nos preços.
Para esta segunda, investidores esperam uma mensagem que aborde a transição de liderança, a visão de longo prazo para a Berkshire Hathaway e possíveis reflexões sobre os desafios econômicos atuais. Também são esperados comentários sobre a postura da empresa frente ao elevado nível de liquidez e às avaliações consideradas elevadas no mercado de ações, que motivaram a série de desinvestimentos recentes.
A carta pode ainda trazer observações sobre o papel do conglomerado no cenário econômico dos Estados Unidos, além de reafirmar o compromisso com práticas de gestão financeira que marcaram a trajetória de Buffett.
Nas redes sociais e fóruns de investidores, circulam especulações sobre possíveis “lições finais” do megainvestidor, com foco em disciplina, paciência e independência de pensamento — pilares que orientaram sua estratégia ao longo das décadas.
Apesar da mudança no comando, a Berkshire segue com desempenho positivo.
No terceiro trimestre, os lucros com seguros mais que triplicaram, reflexo da ausência de grandes sinistros e da retenção de prêmios. O caixa da companhia atingiu US$ 382 bilhões, o maior nível já registrado. As ações da empresa subiram cerca de 5% na última semana, mesmo com retração nos principais índices do mercado norte-americano.