Ações brasileiras historicamente sobem no início de corte de juros (Jesada Wongsa/Getty Images)
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Publicado em 18 de setembro de 2025 às 06h00.
Após muita expectativa e pressões políticas intensas, o Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos) enfim cortou a taxa básica de juros pela primeira vez em nove meses. O corte leva o intervalo dos juros para 4% e 4,25%. O impacto dessa flexibilização deve ser sentido em todos os mercados pelo mundo, e respinga, claro, nas ações brasileiras também.
Quando o Fed começa a reduzir os juros, historicamente, o mercado de ações em economias emergentes tende a ser favorecido. Em média, no ano seguinte ao início desses cortes, as ações brasileiras apresentam um retorno de 32,1% em reais e 41,2% em dólares. É o que mostra um levantamento realizado pela XP a partir de dados levantados desde 2001 e considerando o índice Ibovespa como base.
O retorno médio do Ibovespa no período de seis meses imediatamente após o começo da flexibilização monetária é de 19,9% em dólares. Nos três primeiros meses, o retorno médio fica em 2,2%.
Já o retorno um mês após o corte apresenta resultado ruim: ele é negativo em 2,6%.
No entanto, no ciclo anterior de flexibilização monetária nos Estados Unidos, que começou em setembro de 2024 e foi interrompido menos de três meses depois, a XP lembra que o retorno do Ibovespa em dólares, de 8,8% em um ano, ficou abaixo da média histórica.
As ações brasileiras apresentam retornos superiores após início de afrouxamento monetário inclusive em comparação ao índice MSCI Emerging Markets — que representa mercados emergentes — e o MSCI ACWI exc. EUA — composto por países desenvolvidos e emergentes, com exceção dos EUA.
O MSCI Emerging Markets apresenta crescimento médio de 26,4% no período de um ano, e o MSCI ACWI exc. EUA, avanço de 12,9%.
Também no levantamento, a casa identificou que o MSCI Brasil, índice composto por diversas ações brasileiras, apresentou retornos positivos em cinco dos oito últimos ciclos de afrouxamento. Retornos negativos foram observados apenas em 2001, 2019 e 2020.
Segundo o levantamento da XP, o índice registra retorno médio de 34% um ano após o primeiro corte de juros, mas não consegue superar o desempenho do Ibovespa em dólar.
Do ponto de vista setorial, no período de até três meses antecede o primeiro corte de um ciclo de afrouxamento, setores ligados a commodities (como Papel & Celulose, Óleo, Gás & Petroquímicos e Mineração & Siderurgia) tendem a ter as piores performances abaixo do Ibovespa, mas supera os demais quando os juros começam a cair.
Em seis meses, o relatório da XP indica que o segmento de mineração e siderurgia, por exemplo, teve retorno de 10,2% em seis meses. Para o óleo e gás, por sua vez, o avanço foi de 8,2% no mesmo período.
Na ponta oposto, o setor de transporte tem o pior desempenho, de acordo com levantamento, ficando 14,3% abaixo da performance do Ibovespa nos seis meses seguintes do início do alívio monetário.