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Ajuste à decisão do Copom e tensões no Oriente Médio: o que move o mercado

Na volta do feriado, mercados devem se ajustar ao tom mais duro do BC após a decisão de elevar as taxas de juros para 15%; real deve se valorizar e UBS já vê moeda a R$ 5,20

Galípolo, presidente do BC: Autoridade monetária sinalizou manutenção da Selic por período prolongado (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Galípolo, presidente do BC: Autoridade monetária sinalizou manutenção da Selic por período prolongado (Edilson Rodrigues/Agência Senado)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de junho de 2025 às 05h45.

Última atualização em 20 de junho de 2025 às 05h46.

De volta do feriado no Brasil e nos Estados Unidos, o mercado deve ajustar hoje suas posições depois de a decisão do Copom vir mais dura que o esperado na quarta-feira, 18, com um aumento de 0,25 ponto percentual na Selic — e principalmente um comunicado que indicou que o BC pretende manter os juros em 15% por um período extenso, frustrando as expectativas de cortes neste ano.

O UBS BB chamou atenção para a inclusão da palavra “muito” no trecho em que o BC fala sobre a manutenção da Selic por um período prolongado, uma mudança sutil, mas significativa na sinalização da autoridade monetária.

A interpretação do banco é que o primeiro corte de juros só deve ocorrer em abril de 2026, com chance limitada de antecipação para março.

O BofA, por sua vez, vê espaço para um primeiro corte já em dezembro, mas também reconhece que o ciclo de afrouxamento será lento e dependente dos dados.

A expectativa é que o mercado dê a resposta padrão a uma postura dura de política monetária: perda de inclinação da curva de juros, quedas das inflações implícitas da NTN-B — e valorização do real. O UBS já vê a moeda brasileira, que fechou a quarta-feira, 18, a R$ 5,50, a R$ 5,20.

Enquanto isso, lá fora...

No cenário internacional, as atenções seguem voltadas às tensões no Oriente Médio. Ontem, a Casa Branca declarou que Trump só tomará uma decisão sobre entrar na guerra contra o Irã em duas semanas, jogando água na fogueira que se desenhava com a expectativa de uma intervenção americana iminente.

Durante o feriado, o barril saltou para o pico em seis meses, com o contrato do Brent para agosto fechando em US$ 78,85, em alta de 2,80%, depois de bater mais de US$ 79 no intraday.

Na madrugada, em meio à sessão asiática, contudo, a commodity já devolvia parte das altas, com queda de 1,90%, a US$ 77,35. Nesta sexta-feira, 20, representantes iranianos vão se reunir com líderes europeus em Genebra.

Nas decisões de política monetária internacional, o Banco da Inglaterra manteve o juro britânico em 4,25% e o BC da Turquia em 46%. Na China, o PBoC também confirmou taxas estáveis em 3,50% para cinco anos e 3% para um ano.

Já o BC da Suíça zerou a taxa, em novo corte de 25 p.p., enquanto o Norges Bank, da Noruega também reduziu o juro de 4,50% para 4,25%, em decisão inesperada.

Numa agenda fraca no dia, os destaques são:

  • as vendas no varejo em maio no Reino Unido;
  • o índice de preços ao produtor (PPI), também de maio, na Alemanha.
  • na Zona do Euro, a Comissão Europeia divulga a preliminar de junho do índice de confiança do consumidor às 11h.
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