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Anúncio de bilhões, reação de centavos: por que a venda de jatos da Embraer aos EUA não empolgou?

Companhia aérea pode ter vendido aeronaves com desconto para ingressar no mercado americano, avaliam os analistas

Embraer fez bilionário acordo com a americana Avelo, mas mesmo assim as ações caíram

Embraer fez bilionário acordo com a americana Avelo, mas mesmo assim as ações caíram

Publicado em 11 de setembro de 2025 às 15h13.

Era para ser um 'marco zero', um divisor de águas para a Embraer (EMBR3), uma das joias da bolsa brasileira. A própria companhia criou um clima de expectativa no mercado, lançando até um teaser, uma semana antes do anúncio. A novidade, por fim revelada, é a venda de 50 jatos do modelo E2, maior aeronave de seu portfólio, para uma companhia aérea dos Estados Unidos. O negócio de US$ 4,4 bilhões, uma cifra nada desprezível, não só não animou o mercado como as ações da companhia fecharam em baixa no pregão de ontem (10).

O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de EXAME) demonstrou surpresa com a reação. Em relatório, o banco afirma que a compra das aeronaves, a primeira encomenda de E2's feita pelas Estados Unidos, é um dos melhores cenários projetados para a companhia. Tanto é que manteve sua recomendação de compra para EMBR3, apostando em tendência de alta para o papel.

Os analistas do BTG acreditam que houve ceticismo por parte dos investidores em relação à empresa que fez a encomenda. A Avelo é uma companhia low cost que está há pouco tempo no mercado e da qual muita gente ouviu falar pela primeira vez por conta dessa transação com a Embraer.

Ela foi fundada em 2021 e já operou mais de 62 mil voos desde que surgiu. A aérea é administrada por executivos com experiência no setor, em companhias como United e Copa Airlines. Mas dúvidas sobre a capacidade financeira da Avelo em honrar o contrato fechado com a brasileira pode ter sido uma das razões para EMBR3 cair com o anúncio do negócio, aponta o BTG.

Por se tratar da primeira venda desse tipo de aeronave ao mercado americano, o banco também não descarta que os investidores possam ter dúvidas de que o negócio saiu pela preço justo. Também existe a hipótese clássica do "comprou no boato, realizou no fato".

O BTG, no entanto, reforça o impacto positivo na carteira de pedidos da Embraer no acordo com a Avelo. O BTG cita ainda a importância do pedido mesmo com a tarifa de importação de 10% adotada pelo governo Trump aos produtos da empresa brasileira.

A XP, que já estava um pouco mais cética em relação ao potencial de valorização de EMBR3, acredita que o anúncio ficou aquém das expectativas do mercado, com investidores esperando uma isenção tarifária ou até mesmo um investimento relacionado à área de defesa no C-390.

Embora o novo pedido da Avelo corrobore, sim, com o momento operacional positivo da Embraer, a casa também continua a ver a ação da companhia já precificada.

O Safra, por sua vez, acredita que para fechar um pedido desse tamanho, no atual cenário tarifário,  a Embraer tenha oferecido descontos adicionais à Avelo. O Citi calcula um abatimento médio de 65%. "Contudo, levando em conta que é um pedido grande ancorado por um cliente nos Estados Unidos, achamos que o desconto pode ser ainda maior", escreveram os analistas.

De qualquer forma, o banco reconhece que se trata de um pedido importante e indica relevância do E2 para o mercado americano. O Safra calcula que o pedido represente 5,6% da carteira de pedidos total da Embraer e 12,6% da carteira de pedidos da aviação comercial, sem contar com a opção de compra de outras 50 aeronaves.

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