Fachada C&A varejista moda (C&A/Divulgação)
Editora do EXAME IN
Publicado em 4 de junho de 2025 às 11h11.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 11h37.
As ações da C&A (CEAB3) sobem impressionantes 145% neste ano, impulsionadas principalmente pelos resultados acima do esperado desde o quarto trimestre de 2024 e pela reprecificação do setor de varejo diante da queda na percepção de risco macroeconômico
Para o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) ainda há espaço para mais.
O banco reforçou sua recomendação de compra para o papel e elevou o preço-alvo de R$ 17 para R$ 22, o que representa um potencial adicional de valorização de 23,6% sobre a cotação atual de R$ 17,80.
O papel reage à recomendação com alta de 2,52% no pregão de hoje, mais morno para outras varejistas.
O otimismo do BTG se apoia na combinação de ganhos de produtividade em loja, desalavancagem financeira e melhora gradual da rentabilidade.
“Apesar da forte performance recente, seguimos vendo sinais encorajadores que nos levaram a adotar uma visão mais positiva meses atrás”, escrevem os analistas Luiz Guanais, Yan Cesquim e Pedro Lima.
Desde o início do plano “Energia C&A”, lançado há cerca de três anos, a varejista tem priorizado iniciativas para elevar as vendas por metro quadrado.
NA SUA CESTA: A C&A cresceu 16% em 2024 — e não tem medo da concorrênciaMais de 200 lojas já passaram por algum tipo de modernização de sortimento, e os pilotos de reforma vêm gerando aumentos de 8% a 10% nas vendas por metragem.
A companhia também tem recorrido à precificação dinâmica e a um reposicionamento de marca para preservar competitividade sem abrir mão de rentabilidade.
Segundo o relatório, a cesta de produtos da C&A ficou 12% mais cara desde janeiro, mesmo mantendo volumes estáveis.
Em vez de acelerar a abertura de lojas, a companhia pretende inaugurar cerca de 10 unidades em 2025 — menos do que em anos anteriores —, com foco em melhorar os indicadores operacionais antes de retomar a expansão em 2026.
Na frente financeira, o braço de crédito C&A Pay segue com crescimento moderado e controle de inadimplência. Clientes que utilizam o serviço gastam, em média, 2,5 vezes mais do que os demais.
A empresa, no entanto, adota postura conservadora na concessão de crédito, diante de juros ainda elevados.
Além disso, a participação dos chamados “fashiontronics” (categoria de eletrônicos e acessórios com menor margem) vem diminuindo, favorecendo o mix de produtos mais rentáveis como vestuário e beleza.
Apesar da disparada recente, o BTG estima que as ações da C&A ainda negociam a múltiplos atrativos: 13 vezes o lucro projetado para 2025 e 10 vezes o de 2026. A expectativa é que o ROIC (retorno sobre o capital investido) alcance 17,7% em 2025, e chegue a 20,8% em 2027.
“Seguimos confiantes na tese de valorização, ancorada por uma operação mais rentável, ganhos de alavancagem operacional e balanço desalavancado”, conclui o relatório.