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As 'meme stocks' estão de volta: investidores fazem ações dispararem e apetite por risco cresce

Traders voltam a inflar o preço de papéis baratos nos EUA em meio ao recorde histórico do S&P 500

Close-up do retrato do rosto de Benjamin Franklin usando óculos escuros pixelados engraçados em uma nota de 100 dólares, em preto e branco. Dinheiro, histórico financeiro. Notas de cem dólares.
 (Techa Tungateja/Getty Images)

Close-up do retrato do rosto de Benjamin Franklin usando óculos escuros pixelados engraçados em uma nota de 100 dólares, em preto e branco. Dinheiro, histórico financeiro. Notas de cem dólares. (Techa Tungateja/Getty Images)

Publicado em 23 de julho de 2025 às 09h27.

Os mercados americanos estão revivendo uma nova onda das chamadas "meme stocks", aquelas ações que viralizam entre investidores e registram disparadas abruptas. Desta vez, os papéis do momento são da Kohl’s e da Opendoor, que assumem o lugar de ícones como GameStop, AMC e Bed Bath & Beyond, protagonistas da febre de 2021.

As ações da varejista Kohl’s chegaram a dobrar de valor na última terça-feira, 22, enquanto os papeis da Opendoor, empresa de tecnologia voltada ao mercado imobiliário, acumularam uma alta de mais de 300% em seis dias, antes de recuarem 10% e encerrar o pregão a US$ 2,88.

Segundo a agência Bloomberg, o fenômeno repete o padrão visto há quatro anos, quando traders apostaram em companhias com forte interesse vendido e preços baixos, buscando lucros rápidos e desproporcionais.

A dinâmica lembra os movimentos que chegaram a derrubar fundos em 2021, como o Melvin Capital, forçado a encerrar suas operações após ser atingido por uma onda de compras coordenadas via redes sociais.

Agora, o pano de fundo é outro: o S&P 500 renovou sua máxima histórica, o bitcoin dobrou de valor em menos de um ano, e veículos de investimento esquecidos, como os SPACs, voltaram à moda com o maior volume de IPOs desde 2021.

O ambiente de otimismo generalizado atrai novos investidores. Fóruns como o WallStreetBets, no Reddit, voltaram a ferver com discussões sobre ações de baixo valor nominal, e empresas como Campbell’s, Polaris, Wendy’s e Aehr Test Systems também entraram no radar, por apresentarem alto volume de posições vendidas.

“Tenho visto sinais de uma ‘fuga para o lixo’ recentemente”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers. “A recente alta, inicialmente impulsionada por investidores individuais comprando ações de grandes empresas e índices, encorajou muitos a se envolverem com tipos de investimento mais arriscados.”

Apetite por risco

Apesar do entusiasmo, analistas alertam que o momento atual não tem os mesmos amortecedores do passado. Durante a pandemia, cheques de estímulo garantiram fôlego financeiro às famílias americanas, enquanto o consumo era limitado pelas restrições sanitárias.

Hoje, o quadro é mais desafiador: juros mais altos, recomeço do pagamento de dívidas estudantis, inflação acumulada e um mercado de trabalho menos aquecido reduzem a margem de erro.

Ainda assim, o apetite por risco cresceu. A participação dos investidores de varejo já representa 20,5% de todo o volume negociado nas bolsas americanas, e ações cotadas abaixo de US$ 5 respondem por mais de 26% dessas transações, segundo dados da Bloomberg.

Alguns estrategistas enxergam o retorno das "meme stocks" como uma consequência natural da rápida recuperação das bolsas após o susto com o pacote tarifário do presidente Donald Trump, anunciado em abril.

Desde que o plano de Trump foi suavizado, e o mercado passou a apostar que "Trump Always Chickens Out" (Trump sempre amarela, em tradução livre), o ritmo de valorização foi o mais rápido já registrado após uma correção. A recuperação reforçou o patrimônio de investidores grandes e pequenos, reacendendo o apetite por apostas mais ousadas.

Mesmo assim, há quem veja sinais de excesso. “Os investidores estão devorando todas as guloseimas que o mercado oferece, demonstrando pouca preocupação com os riscos crescentes”, disse Mike Bailey, diretor de pesquisa da FBB Capital Partners. O sentimento atual, segundo ele, é “uma jornada rumo à exuberância irracional”.

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