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Bloqueio das tarifas de Trump gera otimismo imediato, mas incerteza no médio prazo

Goldman Sachs prevê que governo deve recorrer e usar outras medidas para manter tarifas, prolongando a instabilidade

Publicado em 29 de maio de 2025 às 07h04.

Os mercados globais receberam com alívio a decisão da Justiça dos Estados Unidos que bloqueou as tarifas “recíprocas” impostas pelo presidente Donald Trump em abril, provocando uma alta de curto prazo nos ativos de risco e no dólar.

Apesar do otimismo imediato, a incerteza prolongada sobre a política comercial americana tem gerado preocupação entre investidores, que temem atrasos em investimentos e contratações por parte das empresas, o que pode afetar o crescimento econômico e os resultados corporativos no médio e longo prazo.

Desde o anúncio das tarifas em 2 de abril, os mercados passaram por forte volatilidade, com o S&P 500 subindo 3,8%, a Europa avançando 2,2% e os índices chineses mantendo-se estáveis.

A interrupção da implementação das tarifas foi celebrada, mas o governo Trump já anunciou que irá recorrer da decisão e deve tentar impor novas tarifas com base em outras leis comerciais, como a Seção 301 do Trade Act de 1974, que fundamentou as tarifas aplicadas à China no primeiro mandato do presidente.

Especialistas avaliam que essa disputa judicial representa um revés para os planos tarifários, mas não elimina a possibilidade de novas medidas protecionistas.

A incerteza em torno da política comercial americana tem levado a uma mudança na estratégia dos investidores, que agora priorizam operações de curto prazo e reagem a eventos específicos relacionados às decisões de Trump.

Gestores e executivos alertam que a instabilidade gerada pelas disputas tarifárias compromete decisões estratégicas de longo prazo, atrasando investimentos que podem levar anos para serem concluídos. Em entrevista à Reuters, Kei Okamura, gestor de portfólio em Tóquio, afirmou que “este vai e vem não ajuda empresas que precisam tomar decisões que podem levar até uma década para implementar”.

Enquanto isso, bancos centrais mantêm uma postura cautelosa, adotando uma abordagem de espera para definir ajustes em suas políticas monetárias diante do cenário incerto.

Segundo análise do Goldman Sachs, embora a decisão judicial seja um revés, o governo dos EUA provavelmente usará outros caminhos legais para reintroduzir tarifas similares, limitando o impacto imediato da suspensão.

“Como a administração pode impor tarifas gerais e específicas por país sob outras autoridades legais, este é um revés, mas pode não alterar o desfecho final para a maioria dos principais parceiros comerciais dos EUA”, afirmou Jan Hatzius, economista-chefe do banco.

No entanto, o Goldman acredita que é improvável que Trump consiga aplicar tarifas contra todos os países inicialmente visados, o que pode abrir espaço para novas rodadas de investigações e disputas comerciais.

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