BRF adia AGE sobre fusão com Marfrig pela segunda vez (Rodolfo Buhrer/Reuters)
Repórter de negócios e finanças
Publicado em 11 de julho de 2025 às 14h04.
Última atualização em 11 de julho de 2025 às 14h11.
Em fato relevante divulgado na tarde desta sexta-feira, 11, a BRF (BRFS3) confirmou o adiamento da assembleia geral extraordinária que deliberaria sobre a combinação de negócios com a Marfrig (MRFG3). O encontro estava marcado para a próxima segunda-feira, 14, mas precisou ser postergado por uma nova determinação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A autarquia acatou ao protesto de acionistas minoritários - Previ e Alex Fontana - que alegam falta de transparência sobre o cálculo que determinou a relação de troca da operação: de 0,8521 ação da Marfrig para cada papel da BRF.
Esses são os mesmos minoritários que, esta semana, entraram com um agravo na Justiça pedindo para que a assembleia seja suspensa. O primeiro foi indeferido pelos juízes, assim com uma segunda ação movida por um outro minoritário, aposentado da Previ.
Assim, a CVM negou o pedido de interrupção da AGE, mas determinou que a assembleia fosse adiada por 21 dias, para que as companhias disponibilizem detalhes sobre as informações que os comitês independentes utilizaram para estruturar a operação. "A companhia divulgará oportunamente a nova data de sua realização", diz o fato relevante da BRF.
A decisão postergou ainda mais um encontro que estava previsto para ocorrer no último dia 18 de junho. Às vésperas do encontro, a AGE foi adiada, também por decisão da CVM - e por motivos semelhantes.
O colegiado acompanhou a manifestação da Superintendência de Relações com Empresas (SEP), que emitiu um parecer técnico, sugerindo o adiamento da AGE, para que os acionistas da BRF tivessem acesso a informações mais claras sobre os critérios e as condições que embasaram a proposta de operação.
A CVM considerou que, embora as informações sobre os critérios de negociação entre os comitês da BRF e da Marfrig não tenham sido totalmente divulgadas, elas são essenciais para que os acionistas possam avaliar a equidade da operação e tomar uma decisão informada. Para a autarquia, os documentos apresentavam lacunas quanto aos valores das relações de troca negociadas, o que impediu a plena compreensão dos parâmetros utilizados para determinar o preço-base das companhias envolvidas.