Agência
Publicado em 27 de maio de 2025 às 15h37.
A BYD, líder em veículos de nova energia (NEVs) na China, lançou uma campanha de descontos em 22 modelos das linhas Dynasty e Ocean, com subsídios que chegam a RMB 53 mil. Entre os modelos incluem-se o Qin PLUS DM-i versão inteligente (RMB 63.800), Seal 06 DM-i (RMB 76.800) e Seagull versão inteligente (RMB 55.800).
O movimento provocou queda nas ações do setor automotivo nas bolsas de Xangai e Hong Kong em 26 de maio. A BYD caiu mais de 6% na China, enquanto empresas como Seres, GWM, Changan, BAIC BluePark, SAIC e GAC recuaram mais de 2%. Em Hong Kong, Leapmotor, BYD e Geely perderam mais de 8%.
Na mesma data, a Geely aderiu aos cortes, com descontos entre RMB 5 mil e RMB 18 mil em modelos como Star Wishes, L6, Galaxy Starship 7 e E5, ampliando a concorrência direta com a BYD.
Com estoques recordes de mais de 3,5 milhões de veículos leves na China, incluindo 850 mil NEVs, montadoras usam campanhas promocionais para acelerar vendas. A Leapmotor, por exemplo, lançou ofertas especiais para o Festival do Barco-Dragão, com preços atrativos em modelos híbridos.
Desde o Ano Novo Chinês, a BYD intensificou cortes em suas linhas Ocean e Dynasty, ampliando subsídios em modelos como Han EV, Han DM-i e Tang DM-i, refletindo queda na média de vendas mensais.
A produção em alta, sem demanda correspondente, criou excesso de oferta. Campanhas ajudam concessionárias a reduzir estoques, mas a guerra de preços pode comprometer a imagem das marcas e a satisfação dos consumidores.
Apesar do estímulo temporário às vendas, o modelo de alto volume e baixa margem fragiliza o setor e limita capacidade de inovação. A margem de lucro da indústria automotiva caiu para 3,9% no primeiro trimestre de 2025, abaixo dos níveis anteriores.
O lucro total das montadoras chinesas equivale a menos de 40% do lucro anual da Toyota, o que dificulta a competitividade internacional. Para manter preços baixos, fornecedores e fabricantes enfrentam pressão crescente sobre custos e qualidade.
A Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma já alertou que a “competição excessiva” prejudica o setor automotivo, distorcendo a ordem de mercado. O tema é recorrente em comunicados oficiais e sinaliza a necessidade de equilíbrio entre preço e sustentabilidade do setor.