C&A: Santander vê ação barata, apesar do salto de mais de 150% no ano (Divulgação/Site Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 7 de julho de 2025 às 13h25.
Última atualização em 7 de julho de 2025 às 13h43.
Driblando a Selic a 15%, a C&A (CEAB3) subiu 155,87% no acumulado do primeiro semestre. Bons fundamentos é a resposta? Para o Santander, a ação está ainda barata — apesar de mais do que dobrar de valor, alcançando os R$ 19,77 na última sexta-feira, 4.
“C&A parece estar sendo negociada abaixo do que a qualidade de seus lucros justificaria. Se tudo o mais permanecer constante, essas ações poderiam, em nossa visão, merecer múltiplos de valuation mais elevados”, pontuam Aline de Souza Cardoso e Guilherme Bellizzi Motta em relatório.
Segundo o banco, apesar de atuar em um ambiente competitivo, a companhia se sobressai por sua elevada conversão de fluxo de caixa, sustentada por uma gestão disciplinada de capital de giro e forte foco em eficiência operacional.
Esse movimento de empresas com alta pontuação seria possível graças à capacidade de manter níveis elevados de depreciação como percentual da receita, ao mesmo tempo que mantêm uma necessidade relativamente baixa de capital de giro.
E quando o Santander diz “alta pontuação” se refere ao earnings quality score (qualidade de lucro), uma metodologia desenvolvida pelo banco para identificar empresas cujos lucros contábeis são realmente sustentados por caixa, com mínimo de distorções ou atrasos entre o lucro e a entrada efetiva de recursos.
Essas empresas, segundo o relatório, tendem a ter valorações mais altas e lucros mais sustentáveis ao longo do tempo — em que a C&A aprece com 80,28 de score, o que a coloca na décima posição de 82 empresas.
O Santander recomenda compra do papel, com um preço-alvo de R$ 23,3 para o final de 2026, um potencial de valorização de 18,88% frente à cotação atual de R$ 19,6.
Em junho, inclusive, a ação foi destaque na carteira Small Caps do Santander: ela teve rentabilidade de +3,49% no mês, acumulando alta de +33,54% no ano, e +166,69% desde o início em 1º de julho de 2016. No mês atual, ela é mantida na carteira e ganha mais peso.O Santander destaca a C&A como uma das varejistas de melhor desempenho operacional no setor de vestuário, superando concorrentes nos últimos dois anos com execução consistente.
“Esperamos que esse momento positivo persista à medida que a empresa implementa seu projeto Energia”, afirma o banco, que ressalta as melhorias de margem obtidas por estratégias como precificação dinâmica, push & pull, e o C&A Pay.
A companhia tem espaço para abrir até 120 novas lojas e deve ganhar produtividade com o amadurecimento de iniciativas — “de forma gradual, se igualar aos seus principais pares [Lojas Renner]”.
Após um primeiro trimestre de 2025 robusto, com o aumento de 15% em Vendas de Mesmas Lojas e expansão de 186 pontos-base na margem bruta ano contra ano, o Santander projeta receita líquida de R$ 8,3 bilhões (+9% ano contra ano) e vê a ação negociando a cerca de 12x P/L 2025, em um “ponto de entrada atraente”.
Os riscos para a C&A incluem possíveis dificuldades na operação da nova divisão de crédito ao consumidor, totalmente internalizada após o encerramento da parceria com o Bradesco, além de uma recuperação mais lenta das margens de mercadorias, com destaque para a pressão do segmento fashiontronics. A empresa também pode ser impactada por um cenário macroeconômico mais adverso, que atrase sua trajetória de recuperação pós-pandemia.