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Cade dá 10 dias para Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) se defenderem de alegações da Minerva

Minerva (BEEF3), terceira interessada, alegou que a fusão pode gerar riscos concorrenciais significativos

Bull-fighting (Getty Images)

Bull-fighting (Getty Images)

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h42.

Última atualização em 7 de julho de 2025 às 16h02.

O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) concedeu um prazo de dez dias para que Marfrig (MRFG3) e BRF (BRFS3) apresentem suas defesas sobre o recurso da Minerva (BEEF3), que alega que a fusão entre as duas empresas pode gerar riscos concorrenciais significativos. Terceira parte interessada no processo, a companhia atua como concorrente direta da Marfrig no mercado de carne bovina in natura, além de fornecer carne para a BRF, o que a coloca em uma posição de integração vertical e horizontal no mercado afetado.

O conselheiro-relator do Cade, Gustavo Augusto Freitas de Lima, destacou que a Minerva argumenta que a operação pode "gerar efeitos unilaterais e coordenados". A empresa aponta o fato de a Saudi Agricultural and Livestock Investment Company (Salic) ter participação nas três companhias – Minerva, Marfrig e BRF – o que, segundo a Minerva, poderia prejudicar a rivalidade no setor e permitir alinhamentos estratégicos indevidos entre as empresas concorrentes.

Se Marfrig e BRF não apresentarem suas defesas no prazo estipulado, o Cade poderá tomar uma decisão final sobre a operação. As Assembleias Gerais Extraordinárias (AGEs) que definirão os próximos passos da fusão entre as duas companhias estão agendadas para o dia 14 de julho.

Por que a Minerva é contra a fusão?

Em um documento protocolado no dia 26 de junho, a Minerva argumenta que a fusão coloca a Salic em uma situação de conflito de interesse, criando um cenário de concentração de poder que pode facilitar a troca de informações sensíveis entre as empresas envolvidas e fomentar uma coordenação estratégica prejudicial à concorrência no setor. A Minerva sugere que o Cade adote medidas para mitigar os riscos, por exemplo, restringir direitos políticos da Salic nas duas companhias, a fim de evitar eventuais vantagens competitivas derivadas dessa sobreposição de participações.

Outro ponto crítico levantado pela Minerva diz respeito à concentração de market share que a fusão poderia gerar nos mercados de hambúrgueres, almôndegas e quibes. Tanto a BRF quanto a Marfrig já possuem uma fatia expressiva nesses mercados, e a Minerva argumenta que a fusão poderia resultar em 70% de participação de mercado para os dois gigantes, ante uma participação de menos de 5% para a Minerva no setor de hambúrgueres.

A Minerva alerta que a fusão pode levar a um incentivo de compra conjunta de produtos para o segmento premium, o que, na visão da empresa, criaria maior dependência dos fornecedores em relação à demanda da Marfrig/BRF. Com a grande participação de mercado e capacidade produtiva, as duas empresas poderiam impor preços, prazos e condições contratuais mais onerosas aos fornecedores, o que prejudicaria a concorrência e o equilíbrio do mercado.

O Cade agora se prepara para analisar as defesas e os argumentos apresentados por todas as partes, com a expectativa de tomar uma decisão que equilibre o avanço da operação e a proteção da concorrência no setor de alimentos.

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