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China reduz compra de automóveis importados e pressiona resultados de montadoras alemãs

Tensões comerciais e a concorrência acirrada de modelos chineses intensificaram o impacto; indústria alemã busca alternativas para reagir

Carro automático (Getty Images)

Carro automático (Getty Images)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de outubro de 2025 às 06h03.

A demanda por carros de luxo na China segue fraca, e os fabricantes locais dominam o mercado de veículos elétricos (EVs). Como resultado, as maiores montadoras do mundo, incluindo Mercedes, BMW, Porsche e Volkswagem, registraram queda nas vendas do terceiro trimestre de 2025 — e até revisam projeções.

Tensões comerciais e a concorrência acirrada intensificaram o impacto. Apesar de investirem bilhões de euros em tecnologia de baterias, as montadoras alemãs não conseguiram superar a concorrência local, liderada por BYD e Xiaomi, que conquistaram compradores com veículos elétricos a preços mais competitivos.

Vendas na China

Apesar de ter registrado crescimento de 8,8% das vendas de veículos globalmente, totalizando 588.300 unidades no terceiro trimestre, a BMW registrou uma queda de 0,4% na China. Com isso, a companhia reduziu suas previsões de volume para o mercado chinês no quarto trimestre.

A BMW prevê que os lucros antes dos impostos (EBIT) reduzam ligeiramente este ano em relação aos 10,97 bilhões de euros (US$ 12,85 bilhões) em 2024.

A Porsche, por sua vez, registrou 32.195 entregas na China, uma diminuição de 26%, refletindo desafios contínuos no segmento de luxo e intensa competição.

Enquanto isso, as vendas do Mercedes-Benz na mercado chinês recuaram 27% no terceiro trimestre, atingindo o menor nível em quase uma década.

A Volkswagen também registrou queda de 7,2% nas vendas na China no terceiro trimestre de 2025, mesmo com o bom desempenho em outros mercados regionais.

Iniciativas para socorrer o setor

O governo alemão também vem tentando oferecer suporte ao setor, mas os esforços têm se mostrado insuficientes. Apesar do investimento bilionário de 3 bilhões de euros destinado à indústria de veículos elétricos, executivos do setor automotivo afirmaram à Bloomberg que a burocracia excessiva e os altos custos de energia continuam dificultando a competitividade no país.

A BMW, por sua vez, aposta na sua linha Neue Klasse, EVs de última geração para reverter a queda de vendas na China. Com mais de 20 vezes a capacidade de computação dos veículos atuais e redução na complexidade da eletrônica, a plataforma oferece autonomia de até 800 km e carregamento rápido — mais de 350 km em apenas 10 minutos. Alimentada por quatro “supercérebros”, a frota baseada na Neue Klasse promete melhorar a comunicação interna do veículo, displays de infotainment, direção autônoma e outros recursos.

Segundo Stephen Reitman, analista da Bernstein, a nova plataforma tem o potencial de ser um “grande avanço” para a BMW. Ele acredita que o sucesso da plataforma poderia mudar o futuro da indústria automotiva e alterar a percepção sobre a capacidade dos fabricantes ocidentais de competir em software.

Já a Volkswagen fechou parcerias com empresas chinesas de software e EVS para voltar a crescer no maior mercado automotivo do mundo.

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