Mercado Livre: em 2023, varejista online reportou crescimento de 80%, mesmo com recuo do setor (Raquel Brandão/Exame)
Redação Exame
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 16h59.
Em meio à intensificação da concorrência no comércio eletrônico com plataformas como Shopee, Amazon e TikTok Shop, além de aplicativos de entrega como iFood e Rappi, que indicam necessidade de novos investimentos em logística, aquisição de clientes e maior pressão sobre a rentabilidade, o Mercado Livre (MELI34) anunciou a expansão de seu ecossistema com o lançamento de uma nova unidade de negócios dedicada ao atacado virtual.
Batizada de Mercado Livre Negócios, a plataforma será voltada a operações B2B (business to business), atendendo desde pequenos empreendedores até grandes empresas e órgãos públicos. As compras realizadas com CNPJ terão condições exclusivas, incluindo preços diferenciados e custos logísticos reduzidos.
Na avaliação do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o Meli, aos poucos, está se tornando "um ecossistema completo".
O banco mantém visão positiva para o Mercado Livre no longo prazo, citando como diferenciais da empresa a sua densidade logística, integração com a sua fintech, O Mercado Pago, e a criação de uma rede entre compradores e vendedores.
"Em essência, tráfego, variedade de produtos e nível de serviço permanecem como pilares-chave para o sucesso do e-commerce, tanto na América Latina quanto globalmente", destacam analistas.
Por outro lado, no curto prazo, o banco avalia que a necessidade de subsídios mais agressivos para ganhar e proteger participação de mercado, como frete grátis para entregas rápidas, sobretudo em pedidos de menor valor, pode impactar a rentabilidade da empresa, como pôde ser visto no segundo trimestre deste ano.
O BTG manteve recomendação de compra para as ações do Mercado Livre negociados na bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 2,460.66.
Segundo dados da plataforma alemã Statista, usados pelo Meli para justificar sua estratégia, o mercado global de e-commerce B2B (voltado a empresas) é quatro vezes maior que o de B2C (que mira no consumidor final).
Além disso, de acordo com o Mercado Livre, as transações B2B apresentam maiores volumes de compra, frequência superior e ticket médio mais elevado, além de taxas de devolução menores.
De acordo com o BTG, a nova frente aproveita a infraestrutura logística já existente do Mercado Livre para alcançar um público que demanda maior conveniência em seus processos de aquisição.
Nos últimos três anos, o e-commerce no Brasil passou de uma estratégia de crescimento a qualquer custo para um modelo focado em monetização. Mais recentemente, porém, esse cenário mudou de forma relevante. A intensificação da concorrência com outras plataformas levou o Mercado Livre a atacar novas frentes.
O Mercado Livre Negócios começou a ser testado há um ano, com a companhia identificando 4 milhões de potenciais clientes na América Latina. No Brasil, já estão disponíveis mais de 1,3 milhão de produtos com preços exclusivos para o segmento.
A plataforma também funciona na Argentina, México e Chile, com maior procura em itens como material de escritório, tecnologia, alimentos, produtos de limpeza, móveis e autopeças.
Os usuários B2B cadastrados ainda terão acesso a custos de frete diferenciados, o que reduz as despesas logísticas totais.
O marketplace confirmou recentemente sua intenção de entrar no segmento de farmácias e, para isso, chegou a adquirir uma unidade física que servirá como base de distribuição própria. Oficialmente, a empresa afirma que a estratégia ainda está em estudo, mas executivos da companhia adiantaram a analistas de mercado que o modelo será diferente do adotado pela Amazon no exterior.
Segundo o Itaú BBA, a categoria farmácias pode chegar a representar cerca de 6,5% do total comercializado pelo MELI em 2030.