Invest

Com prejuízo de RMB 6,7 bilhões, NIO apostará em corte de custos para reverter cenário

Apesar do prejuízo, a NIO projeta crescimento nas entregas e aposta em eficiência para alcançar lucro até o final de 2025

China2Brazil
China2Brazil

Agência

Publicado em 4 de junho de 2025 às 15h22.

Última atualização em 4 de junho de 2025 às 15h31.

A NIO, fabricante chinesa de veículos elétricos inteligentes, divulgou seus resultados do primeiro trimestre com prejuízo líquido de RMB 6,75 bilhões, o segundo maior da história da empresa.

A perda ficou abaixo apenas dos RMB 7,1 bilhões registrados no último trimestre de 2024. Apesar do resultado negativo, as ações da montadora chegaram a subir mais de 6% após o anúncio.

A empresa prevê entre 72 mil e 75 mil entregas no segundo trimestre e segue com a meta de alcançar lucro no último trimestre de 2025.

Queda no caixa e despesas elevadas

A NIO terminou o trimestre com RMB 26 bilhões em caixa, queda de RMB 16 bilhões em relação ao fim de 2024. Segundo a administração, a redução ocorreu por dois fatores: queda nas vendas entre janeiro e março, que gerou saída de mais de RMB 10 bilhões, e gastos pontuais, incluindo a recompra de bônus conversíveis, que somaram RMB 2,7 bilhões.

O relatório aponta passivos circulantes acima dos ativos circulantes e patrimônio líquido negativo. Em resposta, a NIO destacou a captação de mais de HK$ 4 bilhões por meio de uma emissão de ações em Hong Kong em abril, garantindo fôlego financeiro pelos próximos 12 meses.

Receita cresce, mas abaixo do previsto

A receita total alcançou RMB 12,035 bilhões, alta de 21,5% em base anual, mas abaixo da previsão de RMB 12,367 a RMB 12,859 bilhões. A receita com vendas de veículos somou RMB 9,939 bilhões, avanço de 18,6%.

A empresa entregou 42.094 veículos no primeiro trimestre, crescimento anual de 40,1%. Do total, 14.781 unidades foram da nova submarca ONVO. Excluindo essa linha, a marca principal NIO teve queda de 9,1% nas entregas, totalizando 27.313 unidades.

O preço médio dos veículos caiu 15,3% em base anual, ficando em RMB 236,1 mil. A queda foi puxada pela entrada da ONVO, com preços mais baixos, e pelas campanhas de liquidação dos modelos antigos.

Margens pressionadas

O lucro bruto no trimestre foi de RMB 920 milhões, com margem bruta consolidada de 7,6%. A margem dos veículos ficou em 10,2%, ainda distante da meta de 17% prometida para o fim do ano.

As despesas de P&D somaram RMB 3,181 bilhões, aumento anual de 11,1%. Já as despesas administrativas e comerciais cresceram 46,8%, totalizando RMB 4,4 bilhões. A empresa mantém gastos elevados com desenvolvimento e estrutura, o que pressiona os resultados.

Comparação com concorrentes

Entre as novas montadoras chinesas, a NIO teve o maior prejuízo no primeiro trimestre. A Li Auto registrou lucro de RMB 647 milhões. Xpeng e Xiaomi Auto tiveram perdas de RMB 660 milhões e RMB 500 milhões, respectivamente.

As entregas da Xiaomi superaram 75 mil unidades no trimestre. Xpeng e Li Auto superaram 90 mil. A Li Auto lidera em receita, enquanto a Xiaomi supera a Xpeng, com a NIO logo atrás.

Investimentos pesam nos resultados

Desde o primeiro trimestre de 2021, a NIO investiu cerca de RMB 40,5 bilhões em P&D. A Xpeng gastou menos da metade (RMB 18,9 bilhões). Em despesas administrativas e de vendas, a NIO também lidera: RMB 43,4 bilhões, frente aos RMB 30 bilhões da Li Auto e RMB 22,1 bilhões da Xpeng.

Redução de custos e foco em eficiência

A NIO adotou o modelo CBU (Unidade Básica de Operação), com foco em retorno sobre investimento (ROI) e corte de projetos sem retorno previsto. A meta é reduzir gastos de P&D em 15% no segundo trimestre e mantê-los entre RMB 2 bilhões e RMB 2,5 bilhões por trimestre até o fim do ano, queda de até 25% em relação a 2024.

Na estrutura administrativa, a empresa reorganizou áreas como logística e cadeia de suprimentos, reduzindo equipes não ligadas a vendas. A meta é manter as despesas gerais e administrativas abaixo de 10% da receita até o quarto trimestre.

Apesar do corte de equipe, as vendas não foram prejudicadas. A submarca ONVO reduziu sua equipe de linha de frente em 40%, enquanto as vendas em maio cresceram na mesma proporção.

Acompanhe tudo sobre:CarrosCarros elétricosTecnologiaChina

Mais de Invest

Ibovespa se mantém nos 142 mil pontos, em dia de voto de Cármen Lúcia no STF

CPI acima do esperado nos EUA reflete tarifas de importação e diminui espaço para redução de juros

Empiricus tira B3 (B3SA3) de carteira de dividendos; veja quem a substitui

Oracle disparou quase 40% na quarta-feira — e a Jefferies vê espaço para subir mais