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Como a Nvidia alcançou os US$ 4 trilhões e se tornou a empresa mais valiosa do mundo

Alta demanda por chips de IA e receita de US$ 44 bilhões em um trimestre impulsionaram a valorização histórica

Nvidia: US$ 4 trilhões em valor de mercado impulsionados por chips de IA e receita recorde de US$ 44 bilhões (Wikimedia Commons)

Nvidia: US$ 4 trilhões em valor de mercado impulsionados por chips de IA e receita recorde de US$ 44 bilhões (Wikimedia Commons)

Publicado em 10 de julho de 2025 às 06h27.

Última atualização em 10 de julho de 2025 às 06h32.

A Nvidia tornou-se, nesta quarta-feira, 9, a primeira empresa da história a atingir um valor de mercado de US$ 4 trilhões, superando gigantes como Apple e Microsoft.

Fundada em 1993 por Jensen Huang, a empresa passou de desenvolvedora de chips gráficos para jogos a líder mundial em processadores para inteligência artificial. Em apenas dois anos, a Nvidia passou de US$ 1 trilhão para US$ 4 trilhões em valor de mercado, reflexo direto da ascensão da IA generativa e da corrida global por capacidade computacional.

A transformação começou há mais de uma década, quando a empresa desenvolveu software para que seus chips fossem usados em aplicações além de gráficos. Essa estratégia levou a companhia a dominar mercados como data centers, mineração de criptomoedas, visão computacional e aprendizado de máquina.

Em 2025, a Nvidia registrou receita trimestral de US$ 44,1 bilhões, com margem bruta superior a 70% — um salto expressivo frente aos US$ 7,2 bilhões registrados no mesmo período de 2023. O faturamento anual ultrapassou os US$ 130 bilhões, partindo de menos de US$ 11 bilhões em 2020, um crescimento médio de 62% ao ano.

A principal fonte de receita é atualmente o setor de data centers, impulsionado por compras em larga escala de empresas como Microsoft, Google, Amazon, Meta e Tesla. Esses clientes estão construindo infraestruturas dedicadas à IA, com milhares de chips da Nvidia instalados em seus servidores.

Onde tudo começou

A história da Nvidia começou em um simples restaurante de San Jose, Califórnia, em 1992. Fundada oficialmente em 5 de abril de 1993, a companhia nasceu da visão de três engenheiros: Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem. A ideia surgiu durante uma reunião no Denny’s, uma rede americana de fast-food, onde os fundadores discutiram o potencial dos videogames e gráficos 3D para impulsionar a demanda por computação avançada.

Na época, Huang, ex-diretor da LSI Logic e designer de microprocessadores na AMD, Malachowsky, engenheiro na Sun Microsystems, e Priem, ex-engenheiro da IBM e Sun Microsystems, estavam convencidos de que o futuro da computação estaria diretamente ligado à evolução dos gráficos. Eles acreditavam que os videogames seriam a "aplicação matadora" para financiar o desenvolvimento de novas soluções tecnológicas para resolver problemas computacionais complexos.

Com um capital inicial de apenas US$ 40.000, a Nvidia logo assegurou um investimento de US$ 20 milhões de capital de risco, de empresas como Sequoia Capital e Sutter Hill Ventures. O trabalho inicial da empresa foi desenvolvido no apartamento de Curtis Priem em Fremont, Califórnia. O nome "Nvidia", inspirado na palavra latina invidia (inveja), refletia a ambição dos fundadores de desafiar gigantes do setor, e foi escolhido após outras alternativas como "NVision" e "Primal Graphics".

O primeiro produto da Nvidia, o NV1, foi lançado em 1995, marcando a entrada da empresa no mercado de chips gráficos. Mas o verdadeiro marco para a companhia veio em 1999, quando foi introduzida a GeForce 256, a primeira GPU do mercado, que revolucionou a indústria dos gráficos de computador e consolidou a Nvidia como líder na área.

Desde 2021, a Nvidia tem experimentado uma ascensão imbatível. O valor de mercado da companhia saltou de US$ 500 bilhões para os US$ 4 trilhões, uma valorização de mais de 700%. A Nvidia vale mais do que todas as empresas listadas no Reino Unido juntas, e acumula uma alta de quase 19% em seus papéis desde janeiro.

Esse crescimento meteórico se deve em grande parte à sua posição dominante no mercado de chips para IA. Empresas que buscam desenvolver IA em grande escala precisam das poderosas GPUs da Nvidia, uma vantagem estratégica inestimável. Os analistas estimam que a Nvidia está sendo negociada a 32 vezes seus lucros esperados nos próximos 12 meses, um valor consideravelmente mais baixo do que a média de 41 vezes nos últimos cinco anos, refletindo uma avaliação relativamente modesta para uma companhia com um futuro tão promissor.

Em apenas quatro anos, a Nvidia se tornou o maior nome do setor de IA, com as vendas de seus chips tendo um crescimento impressionante, mais de 10 vezes nos últimos três anos. O mercado, mais otimista do que nunca, continua projetando uma média de 32% de crescimento anual para a empresa nos próximos três anos.

E o resto é história.

Domínio de mercado

Em 2023, a empresa lançou a arquitetura Hopper, incluindo o chip H100, que se tornou o padrão de mercado para aplicações de IA. Em 2024, a Nvidia apresentou o Blackwell B200, com 208 bilhões de transistores em um único chip, um dos mais poderosos já fabricados.

Mesmo custando dezenas de milhares de dólares por unidade, a demanda pelos chips da empresa tem sido descrita por analistas como “insaciável”. Estima-se que mais de 90% dos modelos de IA generativa utilizam GPUs da Nvidia, consolidando seu status de “monopólio essencial” no setor, segundo a Loop Capital.

Além do hardware, a Nvidia mantém sua liderança com a plataforma CUDA, que criou um ecossistema de desenvolvimento difícil de ser replicado por concorrentes. Esse domínio técnico foi um dos principais fatores que garantiram à empresa valorização de 1.500% em cinco anos, com alta de 70% apenas no primeiro semestre de 2025.

Reações do mercado e perspectivas

O feito foi recebido com entusiasmo por analistas. Cerca de 90% das casas de análise mantêm recomendação de compra para as ações da empresa, com preços-alvo variando entre US$ 176 e US$ 205. A Wedbush Securities afirmou que “o mercado inteiro olha para a Nvidia como líder da revolução da IA”.

Já a Morningstar considera que o papel está “justamente precificado”, mesmo com a valorização recorde, devido ao crescimento sustentável das receitas e ao forte posicionamento competitivo.

Mesmo assim, especialistas alertam para riscos de volatilidade, especialmente se houver mudanças no ritmo de investimentos em IA ou pressões regulatórias. A restrição de vendas para a China também é um fator de atenção. A empresa sofreu um impacto de US$ 5,5 bilhões em write-down após limitações impostas pelas administrações Biden e Trump.

Além da IA: diversificação e novos mercados

A Nvidia também tem investido em setores como veículos autônomos (via a plataforma Drive), computação de borda, realidade virtual (Omniverse) e supercomputadores. A empresa anunciou que passará a lançar novas gerações de chips anualmente, intensificando ainda mais a velocidade de inovação.

Para os analistas da Loop Capital, a empresa pode atingir US$ 6 trilhões até 2028 se continuar liderando o mercado de IA e ampliando sua presença em setores estratégicos.

Com a maior receita por funcionário entre as gigantes da tecnologia e protagonismo no mercado de capitalização global, a Nvidia solidificou sua posição como o motor da transformação digital no século XXI.

Hoje, seu valor equivale à soma das 214 menores empresas do S&P 500, segundo dados da Dow Jones Market Data.

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