Nvidia se tornou primeira empresa do mundo a alcançar US$ 5 trilhões em valor de mercado (Antonio Bordunovi/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 3 de novembro de 2025 às 06h00.
Desde que Donald Trump assumiu o segundo mandato, a elite tecnológica mostrou proximidade do presidente dos Estados. Até Jensen Huang, CEO da Nvidia, que antes mantinha distância da política, tem tecido vários elogios ao republicano e chegou a acompanha-lo em uma viagem para a Coreia do Sul. Huang teria ido para ajudar Trump em negociações comerciais com a China, segundo reportagem da The Economist.
Retomar a venda de GPUs para China é estratégico para a Nvidia, mas essa proximidade vai além disso. Huang disse mais de uma vez que Trump está trabalhando para reindustrializar os EUA. E deixou claro que a Nvidia terá um protagonismo nesse movimento ao fabricar os chips de inteligência artificial mais avançados do mundo, segundo o CEO.
Durante a pandemia de Covid-19, a escassez de chips expôs a vulnerabilidade das cadeias produtivas globais, com efeitos sobre diversos setores, desde o automotivo até o de defesa e outras tecnologia de ponta, como a inteligência artificial.
Desde então, Washington vem ampliando esforços para estimular a produção dentro dos EUA e aumentar sua autonomia industrial — uma estratégia reforçada com o retorno de Donald Trump à presidência.
Em meados de outubro, a TSMC, fabricante taiwanesa de semicondutores, produziu um wafer de silício, um semicondutor usado na fabricação de chips, para a GPU mais avançada da Nvidia, Blackwell, em sua fábrica no Arizona. Huang afirma que todos os componentes do chip em breve serão fabricados nos EUA, embora a produção em larga escala ainda leve tempo.
A Nvidia estende seus esforços à robótica, com Huang afirmando que a IA permite a criação de fábricas totalmente automatizadas nos EUA, usando “gêmeos digitais” e robôs humanóides para suprir a falta de mão de obra.
Paralelamente, o empresário Peter Thiel, cofundador do PayPal e Palantir, aposta na manufatura de alta tecnologia no país. James Proud, ex-colaborador de Thiel, planeja produzir máquinas de chips nos EUA com a Substrate, competindo com a holandesa ASML, fornecedora de litografia ultravioleta extrema, tecnologia utilizada na fabricação de semicondutores.
O caminho ainda é longo. A Substrate acabou de receber um aporte de US$ 100 milhões, parte vindo de um fundo de Thiel, que fez o valuation da companhia atingir US$ 1 bilhão. A companhia informou ter desenvolvimento uma ferramenta para fabricação de chips capaz de competir com a tecnlogia da da ASML.
O reshoring, trazer a produção de volta para os EUA, é um grande desafio, cheio de riscos econômicos. A influência do presidente sobre decisões das empresas é um ponto de preocupação, diz a The Economist. Há também gargalos logísticos e de mão de obra. Huang elogiou as políticas “pró-energia” de Trump, mas a administração não incentiva fontes limpas, como a energia eólica, e a restrição à imigração prejudica trabalhadores qualificados e não qualificados.
O Vale do Silício sempre atribuiu seu sucesso à distância da política. Agora, percebe cada vez mais a necessidade de se aproximar do governo em um mundo que demanda cada vez mais chips, data centers e redes.
Em 29 de outubro, semana passada, a Nvidia se tornou a primeira empresa do mundo avaliada em US$ 5 trilhões. Trump, vale ressaltar, é um investidor da companhia.