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Como ETFs estão atraindo bitcoins para os bancões de Wall Street

Mudanças regulatórias estão levando criptomoedas do universo descentralizado da blockchain para o mercado regulado

JP Morgan já aceita ETF de bitcoins como garantia (Future of Money/Reprodução)

JP Morgan já aceita ETF de bitcoins como garantia (Future of Money/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 18h02.

A BlackRock está abrindo caminho para que grandes investidores tragam seus Bitcoins para o sistema financeiro tradicional sem precisar vendê-los. Por meio de fundos de índices (ETFs) de Bitcoin, a gestora transforma criptomoedas voláteis em ativos reconhecidos pelo mercado, permitindo que sejam usados como garantia, empréstimos ou planejamento sucessório, enquanto os investidores mantêm a mesma exposição à moeda digital.

Uma mudança regulatória recente permitiu que investidores entreguem Bitcoin a um ETF em troca de cotas do fundo, sem envolver venda nem registro fiscal. Esse mecanismo, chamado transação in-kind, já é comum em outros ETFs, mas foi liberado para produtos de Bitcoin apenas no último mês de julho.

O resultado é que o ativo digital se torna uma linha no extrato da corretora, mais fácil de usar e de integrar às operações financeiras tradicionais.

Crescente interesse de grandes investidores

Segundo Robbie Mitchnick, chefe de ativos digitais da BlackRock, a gestora já facilitou mais de US$ 3 bilhões em conversões desse tipo. Empresas como a Bitwise Asset Management e a provedora de liquidez Galaxy também relatam forte demanda.

“Grandes detentores de Bitcoin estão percebendo a conveniência de manter sua exposição dentro do relacionamento já existente com seu assessor financeiro ou banco privado”, disse Mitchnick.

Para ter uma dimesão, no início deste mês, ETF de Bitcoin da BlackRock estava próximo de chegar ao patamar de US$ 100 bilhões em ativos sob gestão, segundo reportagem da Bloomberg.

O fundo já chamou a atenção do mercado por ter registrado o crescimento mais rápido da história de toda a categoria de ETFs. Antes dele, o recorde de crescimento rápido pertencia ao ETF de investimento no S&P 500, oferecido pela gestora Vanguard, que levou 2.011 dias para atingir seu patamar de ativos sob gestão.

Bitcoin do lado tradicional do mercado

O movimento marca uma reinvenção do Bitcoin. Originalmente concebido como uma alternativa descentralizada ao sistema financeiro, a criptomoeda agora é gradualmente absorvida pelas instituições tradicionais.

Ao trocar Bitcoin por cotas de ETF, os investidores mantêm a mesma participação na criptomoeda, mas em um formato aceito pelo mercado financeiro. Isso permite usar o ativo como garantia, tomá-lo como empréstimo ou incluí-lo em planos sucessórios — ações que seriam complexas ou arriscadas em carteiras digitais privadas.

O JPMorgan, por exemplo, planeja permitir que clientes institucionais usem seus ativos de Bitcoin e Ether como garantia para empréstimos até o final deste ano, segundo reportagem da Bloomberg. O programa se baseia na iniciativa anterior do JPMorgan de aceitar ETFs vinculados a criptomoedas como garantia.

A mudança representa um avanço simbólico e prático, já que Jamie Dimon, CEO do banco, certa feita chamou o bitcoin de “fraude exagerada” e “pedra de estimação”. Agora, o JP Morgan trata as criptomoedas de forma semelhante a ações, títulos ou ouro para fins de garantia. Apesar de moderar seu tom, Dimon segue cético, mas reconhece o direito dos investidores de comprar Bitcoin.

Embora o volume exato de transações no ETF IBIT não seja divulgado, especialistas acreditam que maior clareza regulatória e adesão de grandes bancos podem impulsionar ainda mais esse mercado. Os investidores podem optar por converter apenas parte de seus Bitcoins ou migrar todas as suas posições para o sistema tradicional, mantendo exposição à criptomoeda com maior segurança e praticidade.

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