Mercados

Como os japoneses estão influenciando a cotação do real

Fundos do país asiático também são responsáveis pela recente desvalorização da moeda

Tóquio, no Japão (Japan National Tourism Organization/Divulgação)

Tóquio, no Japão (Japan National Tourism Organization/Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2011 às 12h26.

São Paulo – Há um fator não muito considerado pelo mercado que está influenciando pesadamente o rumo da moeda brasileira nas últimas semanas: a atuação dos investidores japoneses. A “culpa” é dos fundos conhecidos como “double-deckers”, voltados para os aplicadores do país asiático, ressalta um relatório da gestora brasileira Western Asset.

A atuação dos “double-deckers” soma-se aos outros três fatores já bem conhecidos, o aumento da aversão ao risco, a queda inesperada da Selic no final de agosto (de 50 pontos-base) e a expectativa por uma recessão global deflagrada pela crise da dívida soberana dos países europeus.

“Vimos três hipóteses que explicam, mas não explicam o comportamento recente do câmbio. Há um quarto fator, técnico, que por enquanto ainda está sendo discutido apenas nos círculos especializados: a existência dos chamados fundos double-decker”, destaca a Western Asset. Esses fundos assumem posições em mercados de risco (S&P500, Nikkey, Crédito High Yield) e, além disso, compram derivativos de moedas para alavancar os resultados.

Desta forma, o resultado final é a soma do retorno do ativo de risco, mais a valorização da moeda, daí o termo que dá nome aos fundos. “Adivinhe qual a moeda predileta dos japoneses para este tipo de operação? Se você pensou no real, acertou. A moeda brasileira representa cerca de 90% deste tipo de operação, em um estoque avaliado em US$ 60 bilhões”, explica o fundo.


O problema é que com o aumento da aversão ao risco, é possível que os japoneses estejam começando a desmontar essas operações, o que inunda o mercado com reais. “Assim, qualquer movimento de venda mais intenso pode levar ao overshooting [desvalorização excessiva] neste mercado, provocando stop loss em fundos e fazendo com que agentes até o momento sem proteção cambial busquem hedge a qualquer custo”, lembra a Western.

A gestora nota que a posição compra em dólar das empresas cresceu de zero para 2 bilhões de reais em alguns dias, conforme mostra o gráfico acima. “Nos últimos três dias, no entanto, as empresas pararam de buscar hedge, ao passo que os estrangeiros continuaram a vender reais no mercado futuro. Este parece ser um típico movimento de stop loss, provavelmente de fundos estrangeiros”, finaliza.

Acompanhe tudo sobre:Países ricosAmérica LatinaÁsiaDados de Brasilrenda-variavelAçõesCâmbioDólarMoedasMercado financeiroJapãoRealDerivativos

Mais de Mercados

Por que está mais difícil de prever crises nos Estados Unidos

Por que empresas de robotáxi chinesas não foram bem recebidas na bolsa

Tesla segue roteiro da Berkshire. Mas Elon Musk pode ser novo Buffett?

Pfizer vence disputa com Novo Nordisk e compra a Metsera por US$ 10 bi