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CPI confirma corte de juros nos EUA, mas patamar da inflação preocupa

Agentes de mercado acreditam que o Fed terá dificuldades para administrar as próximas decisões sobre corte de juros

Juros; Federal Reserve (Wong Yu Liang/Getty Images)

Juros; Federal Reserve (Wong Yu Liang/Getty Images)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 10h49.

O índice de inflação ao consumidor dos Estados Unidos (CPI, na sigla em inglês) tornou praticamente certo mais um corte de juros na próxima reunião de política monetária do Federal Reserve, o Banco Central americano. O dado foi divulgado com atraso, em função da paralisação do governo americano, que se arrasta por mais de três semanas. A variação mensal, de 0,3%, veio ligeiramente abaixo do esperado, mas, pelo visto, foi um tira teima para um pequeno grupo de agentes de mercado que ainda acreditava que o Fed pudesse manter os juros inalterados.

Na ferramenta FedWatch, do CME Group, quase 100% das apostas apontam para uma redução de 0,25 ponto percentual na reunião do próximo dia 29 de outubro. Mais de 95% dos palpites prevê um corte de mesma magnitude na reunião de dezembro, a última do ano. Se tudo sair conforme essas projeções, os juros americanos terminarão 2025 na faixa entre 3,5% e 3,75%.

"Avaliamos que o CPI de hoje dá conforto ao Fed para continuar reduzindo a taxa de juros no ritmo de 0,25 ponto percentual por reunião", afirma Luis Cezario, economista-chefe da Asset 1.

Maior patamar desde janeiro

O patamar de inflação, porém, ainda está em um nível preocupante, avalia Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos. Em 12 meses, o CPI acumula alta de 3%.

"É o maior patamar do ano desde janeiro. Desde abril, quando bateu 2,3%, não parou de subir. Isso vai ser com certeza um desafio nos próximos meses e no ano que vem, para o Banco Central conseguir reduzir os juros por lá", afirma.

William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, também afirma que ainda não dá para dizer que a inflação esteja desacelerando. "Mas também não surpreende para cima - e, olhando os componentes, a dinâmica parece favorável", afirma.

"O dado veio mais 'soft' do que o imaginado, especialmente no núcleo da inflação, que subiu 0,23% no mês. Quando retiramos alimentos e energia - itens mais voláteis e fora do alcance da política monetária - o resultado mostra pressões menores do que o esperado".

Um pouco acima do desejado

Cezario observa que o supercore do índice, o núcleo de serviços excluindo habitação, continua em patamar um pouco acima do desejado.

"Mas não revela maiores preocupações em relação a efeitos de segunda ordem da alta das tarifas sobre os demais preços da economia", diz o economista.

A Casa Branca sinalizou que o CPI divulgado hoje será o último do ano — provavelmente não haverá divulgação de inflação no mês que vem.

Para Cruz, isso não deve impactar a decisão sobre juros na semana que vem. "Mas pensando na de dezembro... bom, isso pode começar a ficar mais incerto".

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