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De olho nos chips: Governo Trump avalia participação na Intel, diz Bloomberg

De acordo com o jornal Bloomberg, ainda não está claro o tamanho da potencial aquisição

Intel: companhia está na mira do governo de Trump (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Intel: companhia está na mira do governo de Trump (David Becker / Colaborador/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 14 de agosto de 2025 às 18h32.

As controvérsias envolvendo a Intel continuam: após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, pedir a demissão do CEO da companhia, Lip-Bu Tan – e se reunir na sequência com ele, dizendo que ele tem uma "história incrível" – agora seu governo discute comprar uma participação na fabricante de chips, diz a Bloomberg.

O tamanho da potencial participação não está claro. A ideia é que o governo dos EUA pague pela participação e os detalhes estão sendo acertados, disse uma das fontes à Bloomberg.

Crise na Intel

A Intel enfrenta dificuldades financeiras e o objetivo seria apoiar o esforço da empresa para expandir a produção nacional. O acordo envolve o fortalecimento do centro fabril da Intel em Ohio. Centro, este, que a empresa já havia prometido transformar na maior fábrica de chips do mundo – embora a promessa tenha sido adiada diversas vezes.

As ações da Intel subiram até 8,9%, para US$ 24,20, em Nova York, nesta quinta-feira, 14, após a Bloomberg noticiar as discussões. Elas já haviam avançado 11% neste ano.

Essa é a mais recente ação direta de Trump em um setor estratégico. O governo firmou um acordo para receber uma comissão de 15% sobre determinadas vendas de semicondutores para a China e comprou uma chamada golden share (ação de ouro) da United States Steel, medida vinculada à aprovação de sua venda para uma concorrente japonesa.

A proposta envolvendo a Intel lembra o anúncio feito pelo Departamento de Defesa no mês passado, de que comprará uma participação preferencial de US$ 400 milhões na pouco conhecida produtora americana de terras raras MP Materials — operação que colocaria o Pentágono como principal acionista da empresa.

Segundo a Bloomberg, a iniciativa rompeu com o entendimento tradicional de investidores, analistas, executivos do setor e até mesmo de veteranos do governo sobre a forma como a indústria privada interage com o poder público.

Intel em dificuldades

Um eventual acordo poderia melhorar a situação financeira da Intel, que atravessa um período de corte de custos e demissões. O movimento também indicaria a permanência de Tan à frente da companhia, segundo a agência.

Apesar de ter sido pioneira no setor de semicondutores, a Intel perdeu espaço nos últimos anos, vendo sua fatia de mercado e liderança tecnológica diminuírem. O antecessor de Tan, Pat Gelsinger, havia promovido a ampliação da fábrica em Ohio como parte de uma estratégia de recuperação.

No entanto, as dificuldades financeiras colocaram esse projeto sob ameaça. A construção foi postergada para a próxima década.

No cenário político, Ohio tem sido um território favorável aos republicanos — Trump venceu o estado nas três últimas eleições presidenciais e, em 2024, o partido conquistou uma vaga no Senado.

A Intel estava posicionada para ser uma das maiores favorecidas pela Lei de Chips e Ciência de 2022, mas o programa, criado pelo ex-presidente Joe Biden, está em processo de transição no governo Trump.

No início do ano, autoridades sugeriram que a Taiwan Semiconductor Manufacturing pudesse operar as fábricas da Intel em uma joint venture, proposta rejeitada pelo CEO da TSMC, CC Wei, que reiterou o foco exclusivo nos próprios negócios.

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