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A alta de 683% da Meta: Como a empresa foi do fracasso do metaverso à redenção com IA

A Meta passou por uma crise em 2022 devido aos elevados investimentos no 'metaverso'. Agora, está surfando como poucas a nova onda de monetização da inteligência artificial aplicada a sua plataforma de ads

Mark Zuckerberg: CEO investe pesado em IA (BRENDAN SMIALOWSKI / Colaborador/Getty Images)

Mark Zuckerberg: CEO investe pesado em IA (BRENDAN SMIALOWSKI / Colaborador/Getty Images)

Publicado em 20 de junho de 2025 às 07h11.

Última atualização em 20 de junho de 2025 às 09h49.

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O ano de 2022 não foi fácil para a Meta (META). Com desconfiança do mercado devido aos elevados investimentos no metaverso e a mudanças nas políticas de privacidade da Apple (AAPL), que afetaram diretamente o serviço de anúncios da companhia, a gigante de tecnologia perdeu cerca de US$ 650 bilhões em valor de mercado, caindo de quase US$ 900 bilhões no final de 2021 para cerca de US$ 270 bilhões em outubro daquele ano.

À época, as ações também sofreram uma queda de aproximadamente 70% ao longo do ano, incluindo uma perda recorde de US$ 232 bilhões em um único dia, em 3 de fevereiro de 2022, quando os papéis caíram mais de 26% após um relatório de resultados decepcionante e a primeira queda registrada de usuários ativos diários na história.

Agora, três anos depois, a situação mudou: a empresa de Mark Zuckerberg teve uma alta de 683% em relação ao piso dos seus papéis, em novembro daquele ano principalmente graças à transição estratégica para a inteligência artificial (IA) e a transformação na publicidade digital.

Na terça-feira, 17, a capitalização de mercado da Meta chegou a cerca de US$ 1,75 trilhão.

A grande virada: a transição para a inteligência artificial

O grande ponto de inflexão para a Meta foi sua transição para a inteligência artificial, que começou a ser impulsionada após a crise de 2022.

Em meio a desafios financeiros, a empresa apostou forte em IA, particularmente para aprimorar sua plataforma de publicidade. Com a personalização dos anúncios sendo alimentada por IA, a Meta foi capaz de oferecer campanhas publicitárias muito mais eficazes, gerando um aumento significativo na taxa de conversão e no valor cobrado por anúncio.

Esse movimento se mostrou um sucesso, refletido na recuperação da receita de publicidade, que é a principal fonte de renda da Meta.

De acordo com analistas da Bank of America, a reorientação para a IA foi um dos principais fatores para a recuperação das ações da Meta. O banco acredita que a integração vertical e a utilização de IA para aprimorar a segmentação de anúncios podem abrir novas avenidas de monetização, especialmente se os óculos inteligentes ganharem tração no mercado.

Além disso, o Bank of America ressaltou que a integração de IA e os investimentos em hardware de próxima geração podem dar à Meta maior controle sobre a experiência do usuário e os dados, o que, segundo os analistas, será benéfico para as plataformas de mídia da empresa, além de abrir novas fontes de receita.

A publicidade como motor do crescimento

A revolução na publicidade da Meta foi um dos fatores mais importantes para sua recuperação financeira. Utilizando IA para personalizar e automatizar a criação de anúncios, a empresa conseguiu expandir sua base de receita de maneira significativa. Em 2023, a Meta registrou um crescimento de 16% nas receitas de publicidade, um resultado impressionante, dado o cenário de incerteza econômica global.

O banco de investimentos Oppenheimer destaca que a implementação de novas estratégias baseadas em inteligência artificial, como a otimização dos anúncios e o aprimoramento na segmentação do público, foram cruciais para os resultados financeiros sólidos da empresa.

Além disso, a Meta se beneficiou significativamente do desenvolvimento de modelos de IA próprios, como o Llama, que contribuíram para uma personalização mais eficaz dos anúncios e aumentaram o engajamento dos usuários.

Com isso, o JPMorgan observa que a Meta não só conseguiu recuperar a confiança dos investidores, mas também reforçou seu poder de fogo no setor publicitário, aproveitando a IA para transformar a criação e o direcionamento dos anúncios.

Analistas da Cantor Fitzgerald, por sua vez, complementam esse cenário, destacando a nova fonte de monetização da Meta através dos anúncios no WhatsApp. Com mais de 3 bilhões de usuários ativos diários, a plataforma tem um enorme potencial de gerar receitas especialmente com a integração da IA, que permite a entrega de anúncios altamente segmentados para os usuários — estratégia que se prova eficaz, dada a alta taxa de engajamento da plataforma, segundo a instituição.

Confiança renovada

O foco da Meta em IA e eficiência operacional resultou em um forte desempenho financeiro, com a empresa superando as expectativas do mercado.

O primeiro trimestre de 2025 foi especialmente positivo, com a Meta reportando um crescimento de 16% na receita e um aumento de 35% no lucro líquido, superando as previsões dos analistas. O Oppenheimer destaca que esse crescimento é um reflexo da "força financeira impressionante" da empresa, que conseguiu capitalizar sobre a demanda crescente por anúncios mais inteligentes e personalizados. A confiança dos investidores foi restaurada, com a Meta agora sendo vista como um dos maiores players no mercado digital.

A meta de 'Zuck' no longo prazo

Zuckerberg está determinado a levar sua empresa a um novo patamar com investimentos substanciais em superinteligência. Ele vê essa tecnologia como um passo crucial para superar as limitações das capacidades cognitivas humanas e transformar a forma como interagimos com a tecnologia.

Com esse objetivo em mente, a Meta está criando um laboratório de superinteligência focado em desenvolver sistemas de IA que não apenas imitem, mas superem a inteligência humana em áreas como eficiência, criatividade e tomada de decisão.

A empresa está investindo pesadamente na construção de uma infraestrutura robusta para suportar o desenvolvimento dessa superinteligência, com planos de gastar até US$ 65 bilhões neste ano em centros de dados e processadores avançados. Além disso, a Meta já anunciou a aquisição estratégica de 49% da Scale AI por US$ 14,3 bilhões e a contratação de talentos de ponta para acelerar a inovação, incluindo Alexandr Wang, CEO da Scale AI, que agora lidera o laboratório de superinteligência da Meta. Esses esforços visam garantir que a Meta continue na vanguarda da tecnologia de IA e possa competir com gigantes como Google e Microsoft, que também estão investindo nessa área. Para o JPMorgan, os aportes são essenciais para garantir a liderança da Meta em IA e em inovação no setor publicitário.

Zuckerberg tem uma visão de longo prazo para a Meta, aonde a IA não apenas aprimora seus produtos existentes, mas também cria novas formas de interação e soluções para problemas complexos, como saúde, finanças e pesquisa científica. Ao investir agressivamente na superinteligência, a Meta busca garantir que sua plataforma seja mais do que apenas um hub de mídia social — ela se tornará uma líder em IA.

Mas o caminho para a superinteligência não é simples. Além dos desafios técnicos relacionados ao aprendizado profundo e redes neurais, há também questões éticas e de segurança, já que criar uma inteligência artificial que ultrapasse a capacidade humana exige uma abordagem cuidadosa.

Mesmo assim, Zuckerberg está determinado a enfrentá-los, ciente de que os benefícios de liderar a revolução da IA podem ser imensuráveis para a Meta e seus investidores.

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