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Desemprego aumenta e criação de vagas cai nos EUA: é hora do Fed cortar os juros?

Payroll desta sexta reflete o corte de servidores federais, que está chegando próximo a 100 mil vagas a menos este ano

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 5 de setembro de 2025 às 10h30.

Última atualização em 5 de setembro de 2025 às 12h34.

Os dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos desta semana podem ter confirmado que o ciclo de corte de juros no país deve começar ainda este mês. A criação de vagas em agosto, de 22 mil postos de trabalho, é muito menor que as 75 mil esperadas pelo mercado. E a taxa de desemprego subiu para 4,3%, o maior nível em quatro anos.

"Ainda é uma taxa de desemprego muito baixa, não é relevante a ponto de se falar de crise ou hard landing. Mas é suficiente para o Federal Reserve justificar um pouco mais o porque vai cortar juros mesmo com a inflação subindo", afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

"As consequências são claras: o ambiente de enfraquecimento no emprego reduz pressões inflacionárias e aumenta a convicção de que o Fed buscará estimular a economia com condições monetárias mais brandas", complementa Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

O payroll desta sexta reflete o corte de servidores federais, que está chegando próximo a 100 mil vagas a menos este ano. E também o impacto de políticas antimigratórias, em setores como construção e hotelaria, que costumam empregar estrangeiros.

"Imagino que isso consolide ainda mais uma possibilidade de corte de juros no dia 17 e alimente a dúvida se dá para fazer mais um corte este ano", afirma Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.

A Suno, por hora, aposta somente em um corte na próxima reunião, de 0,25 ponto percentual. "A implementação das novas tarifas de importação limita o espaço para um ciclo mais agressivo de quedas, já que essas medidas tendem a pressionar a inflação", escreveu o economista-chefe, Gustavo Sung.

Para ele, se o Fed reduz os juros cedo demais, corre o risco de estimular a economia antes que a inflação esteja devidamente ancorada. Esperar mais tempo para avaliar a trajetória dos preços, por outro lado, aumenta o risco de aprofundar a desaceleração da atividade.

"O número mágico que o [Jerome] Powell diz que gostaria de ver [para a inflação] é 3,5%. Está bem próximo disso e o deixa bem confortável para falar que [o emprego] não está pressionando a inflação local. Sabemos que a pressão vai vir da questão das tarifas", conclui Cruz.

Lima, da Ouro Preto, acredita que se o Fed implementar condições monetárias mais brandas, isso servirá como impulso a ativos de risco, pressionaria para baixo os rendimentos dos títulos do Tesouro americano e enfraqueceria o dólar.

"Essa dinâmica cria um impulso técnico positivo para mercados emergentes, que, como o Brasil, podem se beneficiar de maior fluxo de capital", diz o analista.

A queda também acende um alerta para uma possível estagflação, segundo Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp, "justamente a preocupação do Fed relatada na última reunião". "O mercado de trabalho aparenta uma desaceleração bem forte, enquanto o núcleo da inflação segue resiliente", afirma.

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