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Dólar fecha na menor cotação em 15 meses: o que esperar agora?

Moeda americana recuou em relação ao real, a poucos dias da reunião do Fed, que deve dar início ao corte de juros nos Estados Unidos

Dólar: moeda cai na mínima de 15 meses (RHJ/Getty Images)

Dólar: moeda cai na mínima de 15 meses (RHJ/Getty Images)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 12 de setembro de 2025 às 17h06.

Última atualização em 12 de setembro de 2025 às 17h53.

O dólar até começou o dia em alta, mas logo inverteu sinal e acentuou perdas ao longo da sessão. O movimento se estendeu até o final do dia, com a moeda americana fechando no menor patamar em 15 meses, com queda de 0,71%, cotada a R$ 5,354 (a mínima intraday foi de R$ 5,345).

O nível é o mais baixo desde 7 de junho de 2024, quando chegou em R$ 5,327. Em 2025, a divisa já acumula queda de aproximadamente 13%. Segundo o último Boletim Focus de 8 de setembro, a moeda americana deve encerrar 2025 em R$ 5,55, enquanto em 2026 e 2027 deve encerrar em R$ 5,60. Para 2028, o Focus projeta um câmbio a R$ 5,56.

"O fluxo estrangeiro projetado pode derrubar a cotação abaixo dos R$ 5, com os grandes players trazendo divisas", diz Felipe Sant'Anna especialista em investimentos do grupo Axia Investing.

O movimento ocorre na contramão do índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de seis das principais moedas. No mesmo horário, o indicador subia 0,06%.

O principal fator que impulsiona a moeda para baixo seria a expectativa de corte de juros nos Estados Unidos. Isso porque juros mais baixos por lá fazem o capital migrar para outros países, como os emergentes, incluindo o Brasil.

O mercado espera que na reunião já da próxima semana, nos dias 16 e 17 de setembro, o Federal Reserve (Fed, banco central americano), corte os fed funds em 0,25 ponto percentual (p.p.). Segundo a plataforma FedWatch, do CME Group, 94,4% acreditam nessa tese, enquanto 5,6% esperam um corte maior, de 0,50 p.p..

Além disso, a taxa de juros elevada no Brasil — com a projeção de corte somente para o ano que vem, segundo o Boletim Focus — faz com que o real seja uma boa moeda para carry trade.

A operação consiste em tomar empréstimos em moedas de baixo rendimento e aplicar os recursos em países com juros elevados, como o Brasil, onde a Selic está em 15% ao ano.

Fatores locais

André Valério, economista sênior do Inter, também diz que há um sentimento no mercado sobre a condenação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, o que ajuda a fortalecer o real.

"No âmbito doméstico, a condenação de Bolsonaro pelo STF torna o cenário eleitoral mais claro, fortalecendo potencial candidatura do Tarcísio, que é bem-vista pelo mercado", diz.

A possibilidade de retaliação por parte dos Estados Unidos, com o secretário de Estado, Marco Rubio, classificar a decisão como "caça às bruxas" e prometer uma "resposta", preocupa.

Entretanto, não houve até agora nenhum anúncio concreto de sanções, o que reduziu o prêmio de risco embutido na moeda, explica Murillo Oliveira, especialista em investimentos globais da Saygo.

A combinação de uma inflação sob controle e um câmbio que vem se valorizando também reduz a percepção de risco do Brasil, atraindo mais investimentos estrangeiros de longo prazo.

"Essa melhora na avaliação de risco é um fator crucial que tem feito o câmbio 'virar a chave' em 2025", comenta Ricardo Pegnoratto, especialista em investimentos e Trader institucional da MIDE Mesa Proprietária.

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