Mercados

Dólar salta após medida do governo; Bovespa cai

Moeda americana chegou a subir 2% com medidas câmbiais do governo Dilma

Mesmo com oscilação, profissionais do mercado olharam a decisão do governo com algum ceticismo, afirmando que a tendência de alta do real no médio e longo prazos prossegue (Getty Images)

Mesmo com oscilação, profissionais do mercado olharam a decisão do governo com algum ceticismo, afirmando que a tendência de alta do real no médio e longo prazos prossegue (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 27 de julho de 2011 às 14h58.

São Paulo - O dólar saltava cerca de 2 por cento ante o real nesta quarta-feira, em meio à reação a mais uma medida do governo para tentar estancar a queda da moeda norte-americana. Já o principal índice das ações brasileiras recuava ao menor patamar em mais de um ano, captando o tom negativo no exterior diante de preocupações com a questão da dívida nos Estados Unidos.

Logo cedo, o governo publicou decreto impondo uma taxação de 1 por cento sobre as operações de derivativos cambiais atrelados à montagem de posição vendida em dólar. Uma medida provisória também publicada no Diário Oficial da União autoriza a taxação sobre os derivativos a ser elevada a até 25 por cento.

A MP abriu a possibilidade, ainda, da imposição de depósitos sobre os valores dos contratos e da definição, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de limites, prazos e outras condições sobre negociação dos derivativos.

A reação imediata do mercado foi elevar a demanda por dólares. A divisa norte-americana já abriu em alta de cerca de 2 por cento, com os agentes preferindo se resguardar conforme avaliam o real impacto da medida. A valorização da divisa norte-americana no exterior, em meio à queda do euro, dava fôlego extra ao dólar no Brasil.

Profissionais do mercado olharam a decisão do governo com algum ceticismo, afirmando que a tendência de alta do real no médio e longo prazos prossegue. Contudo, para o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o imposto deve tirar o ímpeto de queda do real e também diminuir a especulação do mercado.

O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que as atuações da autoridade monetária não sofrerão alterações após a medida cambial.

A intervenção do governo no mercado futuro influenciava inclusive o segmento de DI, onde as taxas mais longas subiam em meio ao receio de que a medida possa reduzir o fluxo de estrangeiros nessa parte da curva, em que os não-residentes costumam agir na ponta vendedora.

Da pauta doméstica, o Banco Central informou que o crédito total disponibilizado pelo sistema financeiro, incluindo recursos livres e direcionados, aumentou 1,6 por cento em junho, chegando a 47,2 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ou 1,834 trilhão de reais.


No fronte acionário, o Ibovespa descia ladeira abaixo, aos menores patamares desde maio de 2010. O mercado repercutia o mau humor internacional, onde os agentes evitavam ativos considerados de maior risco por temores de que o impasse de dívida nos Estados Unidos possa ter desdobramentos em nível global.

Os líderes republicanos e democratas, profundamente dividos, estão encontrando dificuldades para chegar a algum consenso a menos de uma semana de o governo atingir seu limite de financiamentos aprovado pelo Congresso, o que alimenta temores de que os Estados Unidos tenham seu rating máximo rebaixado.

Os índices Dow Jones e Standard and Poor's 500 da Bolsa de Nova York caíam mais de 1 por cento, movimento seguido de perto pelo mercado europeu.

No Brasil, o setor bancário era um dos destaques negativos.

Bradesco e Santander figuravam na lista, mesmo após reportarem balanços acima das expectativas.

Acompanhe tudo sobre:Governo Dilmarenda-variavelB3bolsas-de-valoresCâmbioDólarMoedasMercado financeiroDerivativos

Mais de Mercados

PMIs, julgamento de Bolsonaro e audiência em Washington: o que move os mercados

Cade abre investigação sobre venda da operação de níquel da Anglo American, diz Financial Times

África do Sul como polo de terceirização? Setor no país deve chegar a US$ 6,8 bi até o final de 2030

Bolsas da Europa e dos EUA sobem com decisão que favorece o Google