Redatora
Publicado em 31 de julho de 2025 às 09h07.
Última atualização em 31 de julho de 2025 às 09h17.
O dólar caminha para encerrar julho com seu melhor desempenho mensal de 2025, impulsionado pelo crescimento robusto da economia americana, pela sinalização de juros mais altos por mais tempo e pelos acordos comerciais fechados pelo presidente Donald Trump.
O Bloomberg Dollar Spot Index acumula alta de 2,5% no mês, a primeira valorização desde a posse de Trump, em janeiro.
Embora autoridades do Federal Reserve tenham indicado uma moderação no ritmo de crescimento, dados divulgados nesta semana mostraram que o PIB dos Estados Unidos cresceu 3% no segundo trimestre, mesmo em meio às mudanças nas políticas comerciais.
Na quarta-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, sugeriu que os juros podem permanecer elevados por mais tempo, o que deu novo impulso à moeda americana e ajudou a reduzir as perdas acumuladas no ano para 7%.
Nesta quinta-feira pela manhã, o dólar operava estável, após uma sequência de cinco pregões em alta.
Segundo Nathan Thooft, gestor sênior da Manulife Investment Management, “depois de um período de fraqueza significativa, vimos o dólar atrair compradores diante da resiliência dos dados econômicos dos EUA, do progresso nas negociações tarifárias e da exaustão no movimento de venda”.
Os mercados reduziram as apostas em cortes de juros já em setembro. As taxas futuras indicam agora apenas 40% de chance de uma redução no mês que vem e 80% em outubro, que era considerada praticamente certa antes das falas de Powell.
O movimento representa uma reversão em um ano historicamente ruim para o dólar. A turbulência econômica gerada pela guerra comercial de Trump e as frequentes mudanças de rumo nas políticas públicas, somadas a um pacote de corte de impostos que deve ampliar o déficit fiscal, minaram a percepção do dólar como principal moeda de reserva global.
Ainda assim, estrategistas da Bloomberg projetam novos ganhos à frente. “Dados econômicos resilientes, um Fed cauteloso em cortar juros e uma onda de acordos comerciais estão alimentando a valorização do dólar”, escreveu Nour Al Ali, da equipe de macroeconomia.
A força do mercado acionário americano também dá suporte à moeda. O índice S&P 500 caminha para o terceiro mês seguido de alta, atraindo recursos de investidores internacionais. Resultados expressivos das big techs reforçam a percepção de que os Estados Unidos lideram a corrida pela inteligência artificial.
Apesar dos temores de que investidores estrangeiros pudessem abandonar os ativos americanos durante a recente desvalorização, os dados não confirmam essa hipótese. As participações estrangeiras em títulos do Tesouro subiram em maio, e a fatia do dólar nas reservas cambiais globais se manteve estável no primeiro trimestre do ano.
O dólar também ganhou força diante de moedas como euro, iene e libra, beneficiado por acordos comerciais que, segundo analistas, favorecem mais os EUA do que seus parceiros.
O euro caiu quase 3% no mês, em meio a alertas de líderes industriais da Alemanha de que as tarifas americanas vão tornar a Europa menos competitiva.
O iene e a libra foram as moedas do G10 que mais se desvalorizaram frente ao dólar em julho, com perdas superiores a 3,5%. O dólar canadense teve a menor queda.