Mercado Livre: gigante do e-commerce cai na bolsa após notícia relacionada à Amazon (Montagem EXAME com elemento do Canva e Mercado Livre/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 1 de outubro de 2025 às 14h45.
As ações do Mercado Libre, negociadas na Nasdaq sob o ticker MELI, operam em forte baixa nos negócios desta quarta-feira, 1. Na mínima do dia, o papel foi cotado a US$ 2.201,76 dólares, valor 5,78% menor que o registrado no fechamento de ontem. Os BDRs, ativos lastreados nas ações estrangeiras e negociadas na B3, operavam abaixo dos R$ 100.
O Meli já tinha registrado uma queda expressiva no pregão de ontem, em Nova York, fechando em baixa de 6,57%.
Este ano, as ações chegaram a subir 55%, quando atingiram a máxima de US$ 2.645,22, no começo do mês de julho. Até o fechamento de ontem, mesmo com a queda, acumulavam alta de 37,4% em 2025.
O desempenho dos papéis coincide com a notícia de que a Amazon (AMZO34) irá zerar todas as taxas de armazenamento e envio do Fulfillment by Amazon (FBA) de 30 de setembro até 3 de dezembro, durante a temporada de Black Friday. Tal movimento visa uma estratégia que bate de frente com Mercado Livre e outra concorrente, a Shopee.
O FBA é um modelo no qual os vendedores repassam para a Amazon a responsabilidade pelo armazenamento, embalagem e envio dos pedidos ao consumidor final. Dessa forma, toda a logística fica a cargo da empresa, o que agiliza as entregas e amplia a exposição dos produtos, além de possibilitar vantagens aos clientes, como a inclusão no programa Prime.
Para quem está começando a vender, a proposta é ainda mais competitiva: além de oferecer logística gratuita, a companhia zerou as comissões e passou a reembolsar outras taxas, fazendo com que a entrada no marketplace seja praticamente sem nenhum custo.
O movimento da Amazon acontece após o Mercado Livre intensificar sua política de subsídios em frete e logística. A empresa reduziu os valores mínimos para garantir frete grátis e diminuiu os custos de envio cobrados dos vendedores.
A estratégia do Meli, por sua vez, surgiu como resposta à expansão da Shopee, que conquistou espaço no mercado brasileiro, apostando em preços mais baixos e na vantagem de custo relativo. No entanto, esse diferencial pode ser colocado em xeque diante da nova postura da Amazon.
Em relatório publicado pelo Itaú BBA, escrito pela equipe liderada por Rodrigo Gastim, a avaliação é que o Meli deve adotar movimento semelhante, cortando os custos de sua modalidade full, que, segundo estimativas do banco, corresponde a uma fatia de “dígito baixo a médio” do valor total de mercadorias transacionadas (GMV).
O Itaú BBA estima que o Meli seja atualmente cerca de três vezes maior que a Amazon no Brasil. "Em nossa visão, isso representa uma das manobras mais agressivas da Amazon até hoje, destacando sua determinação em ganhar escala significativa no Brasil e competir diretamente com o MELI e a Shopee", aponta o relatório.