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Eletrobras pode se tornar a nova 'vaca leiteira' de dividendos da bolsa, aponta BTG

Para o banco, a ex-estatal tem potencial de se tornar uma das maiores pagadoras de proventos entre as empresas listadas na B3

Eletrobras: TCU julga processo de privatização da empresa (Pilar Olivares/Reuters)

Eletrobras: TCU julga processo de privatização da empresa (Pilar Olivares/Reuters)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 11h57.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 12h14.

Depois de anunciar o pagamento de R$ 4 bilhões em dividendos, a Eletrobras (ELET3) passou a ser vista por agentes do mercado como uma potencial "vaca leiteira" — apelido dado a empresas que remuneram os acionistas de forma recorrente. E pelas contas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), a ex-estatal poderá distribuir até R$ 105 bilhões até 2030, no melhor cenário de preço de energia, transformando-se em uma das maiores pagadoras de proventos do mercado brasileiro.

Para chegar a essa conclusão, os analistas do banco usaram como exemplo outras companhias que se tornaram "histórias de dividendos" a partir de pagamentos que destravaram outras distribuições. É o caso de CPFL e Copel, que já pagavam bons proventos antes de serem negociadas como cases de dividendos.

"Não esperamos que a mudança de midset da Eletrobras seja precificada de forma instantânea. Ainda há um processo, com altos e baixos e múltiplas variáveis a se observar", escrevem os analistas Antonio Junqueira, Gisele Gushiken e Maria Schutz, autores do estudo.

Um sinal ignorado pelo mercado

Os investidores, dizem os analistas, ainda não perceberam a dimensão dessa mudança. A distribuição de R$ 4 bilhões em dividendos não foi interpretada pelo mercado como uma mudança estrutural na política de capital da companhia.

Em sua tese, o BTG parte do princípio de que a administração da Eletrobras pretende operar com um nível de alavancagem considerado “razoável” ao final da década, depois de resolver temas como a indenização da Rede Básica do Sistema Existente (RBSE). Cada novo contrato de venda de energia (PPA), alienação de ativos ou redução de riscos é incorporado à análise de alavancagem de 2030 — e, se não houver necessidade de realocar capital, o caixa extra é devolvido ao acionista.

Com base em um preço de energia livre de R$ 160/MWh, cenário base do banco, empresa poderia distribuir o equivalente a um retorno anual de 14% a 16% aos acionistas nos próximos cinco anos e meio (entre R$ 74 bilhões e R$ 85 bilhões em proventos). No cenário mais conservador, com preços de R$ 100/MWh, o total pago seria de R$ 34 bilhões a R$ 41 bilhões no período; no mais otimista, a R$ 190/MWh, o valor poderia chegar a R$ 105 bilhões.

Comparações e potencial de valorização

O BTG relembra que casos como o da CPFL, que em 2021 anunciou dividendos robustos, e da Copel, que em 2025 divulgou uma nova política de distribuição, marcaram pontos de inflexão na percepção de investidores. No caso da Eletrobras, os analistas acreditam que o reconhecimento desse potencial será gradual, já que variáveis como novos contratos, comportamento do preço de energia, venda de ativos e questões regulatórias ainda podem influenciar o ritmo.

A recomendação do banco para a ação ELET3 é de compra, com preço-alvo de R$ 60, implicando potencial de valorização de pouco mais de 40% sobre a cotação de R$ 42,77 registrada na data do relatório.

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