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Eli Lilly e Novo Nordisk aceleram corrida de US$ 95 bilhões pelas pílulas contra obesidade

Resultados do medicamento da empresa frustraram previsões de Wall Street, mas analistas veem demanda suficiente para as duas farmacêuticas

Pílula do emagrecimento: como as gigantes do mercado trabalham para tornar o medicamento em realidade (Novo Nordisk/Divulgação)

Pílula do emagrecimento: como as gigantes do mercado trabalham para tornar o medicamento em realidade (Novo Nordisk/Divulgação)

Publicado em 25 de agosto de 2025 às 12h58.

Última atualização em 25 de agosto de 2025 às 13h18.

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A disputa entre Eli Lilly e Novo Nordisk pela primeira pílula contra obesidade vem ganhando força. As duas farmacêuticas divulgaram recentemente novos dados de estudos clínicos e miram um mercado estimado em US$ 95 bilhões até o fim da década, hoje dominado por injeções como Wegovy e Ozempic.

A divulgação mais recente foi da Eli Lilly, no início de agosto. A companhia americana apresentou resultados de fase 3 do orforglipron, comprimido de dose diária. Apesar da eficácia ter ficado abaixo das expectativas de analistas, a empresa mantém os planos de competir nesse mercado.

Segundo a CNBC, o fármaco mostrou perda de peso menor e mais efeitos colaterais do que projetado por Wall Street. No estudo ATTAIN-1, a maior dose do orforglipron levou a uma redução média de 12,4% do peso corporal em 72 semanas. Ao incluir todos os pacientes, inclusive os que interromperam o tratamento, a perda foi de 11,2%. Analistas esperavam algo mais próximo de 15%, patamar alcançado pela injeção semanal Wegovy, da Novo Nordisk.

A rival dinamarquesa também vem avançando com seu comprimido. Em um estudo menor, a versão oral da semaglutida mostrou redução de até 16,6% do peso dos pacientes em 64 semanas. Não há, porém, comparações diretas entre os dois remédios, já que os estudos têm formatos distintos.

Mesmo com dados considerados fracos pelo mercado, a Lilly ainda é vista como candidata relevante na disputa. No dia da divulgação, as ações caíram cerca de 13%, e desde então acumulam alta próxima de 12%. Analistas ouvidos pela CNBC apontam que a demanda reprimida por opções orais pode sustentar o interesse pelo orforglipron, caso seja aprovado.

Efeitos colaterais

Um dos trunfos do orforglipron está na formulação. Por ser uma molécula pequena, é mais fácil de absorver e produzir em larga escala, além de não exigir restrições alimentares. Já o comprimido oral da Novo precisa ser tomado em jejum, apenas com água, e com intervalo de 30 minutos antes da primeira refeição.

Quanto à segurança, ambos os medicamentos apresentaram efeitos adversos semelhantes, principalmente náusea e vômito. No caso da Lilly, 10,3% dos pacientes na dose mais alta interromperam o uso por causa de eventos colaterais. Na Novo, a taxa de interrupção na dose de 25 mg não foi divulgada no mesmo formato, mas náusea e vômito foram relatados por 46,6% e 30,9% dos pacientes, respectivamente.

Próximos passos

O potencial de mercado ajuda a explicar o interesse. O Goldman Sachs estima que pílulas orais representarão 24% do mercado global de obesidade em 2030. Dentro desse segmento, a projeção é que o orforglipron fique com cerca de 60% (US$ 13,6 bilhões) e o comprimido da Novo Nordisk com 21% (US$ 4 bilhões).

A Eli Lilly planeja lançar o orforglipron globalmente em 2026. O preço ainda não foi definido, mas especialistas acreditam que a produção menos complexa pode permitir valores mais competitivos. A cobertura por planos de saúde e a estratégia de marketing serão decisivas para a adoção.

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