Repórter
Publicado em 15 de setembro de 2025 às 07h52.
Elon Musk adquiriu aproximadamente US$ 1 bilhão em ações da Tesla (TSLA), em uma movimentação registrada por meio de fundo fiduciário pessoal no dia 12 de setembro, mostraram documentos apresentados a autoridades reguladoras.
A transação ocorreu no mesmo dia em que a presidente do conselho da Tesla, Robyn Denholm, concedeu entrevista à Bloomberg, defendendo um pacote de compensação que pode ultrapassar US$ 1 trilhão, condicionado a metas ambiciosas de desempenho e valorização da companhia.
Após a divulgação da compra, os papéis da Tesla chegaram a subir 7,3% nas negociações pré-mercado, com potencial para anular as perdas acumuladas ao longo de 2025.
A Tesla apresentou uma nova proposta salarial para Musk no dia 5 de setembro. O contrato, com duração de dez anos, prevê que Musk permaneça no cargo até 2035 e alcance metas de desempenho que multiplicariam por quase oito vezes o valor da empresa.
Hoje, a Tesla está avaliada em cerca de US$ 1,1 trilhão. O objetivo é elevar esse número a US$ 8,5 trilhões, patamar comparável à soma do valor de mercado da Microsoft, Alphabet e Meta juntos.
Se as metas forem cumpridas, Musk terá direito a 423,7 milhões de novas ações, equivalentes a quase US$ 900 bilhões adicionais em sua fortuna, segundo a Time — o que faria a fortuna de Musk alcançar cerca de US$ 1,319 trilhão.
Entre as metas definidas pelo conselho da Tesla estão a consolidação de um serviço global de robotáxis e o avanço da linha de robôs humanoides. O projeto mais emblemático é o Optimus, apresentado em 2022, que a empresa pretende transformar em ferramenta para indústrias e residências.
Estudos citados pela Tesla projetam que o mercado global de robôs humanoides pode alcançar US$ 4,7 trilhões até 2050. Para Musk, esses produtos têm potencial de revolucionar a produtividade mundial e se tornar mais valiosos do que os carros elétricos.
O novo plano surge em meio a um histórico conturbado. Em 2018, acionistas da Tesla aprovaram um pacote de remuneração estimado em US$ 50 bilhões para Musk. A iniciativa foi posteriormente derrubada por um tribunal de Delaware, que criticou falhas de governança e a influência excessiva de Musk sobre o conselho.
Em dezembro de 2024, a Justiça voltou a invalidar a proposta de 2018, reforçando a pressão sobre a empresa para elaborar um novo modelo de compensação. O atual pacote, portanto, é uma tentativa de encerrar a disputa e manter o executivo no comando.
Robyn Denholm, presidente do conselho, tem liderado a defesa da proposta. Em entrevistas, ela afirma que “reter e incentivar Elon é fundamental para que a Tesla se torne a empresa mais valiosa da história”.
Apesar do otimismo do conselho, as condições do mercado não são simples. As vendas da Tesla recuaram no último ano, e a empresa enfrenta críticas pela demora em diversificar sua linha de produtos.
O modelo Cybertruck, lançado em 2023, registrou resultados aquém das expectativas, e a aposta em robotáxis ainda está restrita a testes em Austin, no Texas.
Musk também tem dividido sua atenção entre a Tesla e outras empresas, como a SpaceX e a startup de inteligência artificial xAI. Sua breve participação em Washington, durante o segundo mandato de Donald Trump, também gerou receio entre investidores quanto ao foco do executivo.