Invest

Estrangeiros colocam R$ 21 bi na B3 em novembro e bolsa tem mês de maior entrada de capital do ano

Ingresso de investidor internacional na bolsa brasileira foi o maior em 21 meses; melhora do cenário externo aumentou o apetite ao risco

Painel de cotações da B3: Ibovespa registrou a maior alta do ano em novembro (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Painel de cotações da B3: Ibovespa registrou a maior alta do ano em novembro (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 13h43.

Investidores estrangeiros aportaram R$ 21,165 bilhões na bolsa brasileira em novembro. O mês foi o qual houve maior entrada de capital externo de 2023, de acordo com os dados da B3, e representa mais da metade de todo o ingresso líquido do ano. O saldo acumulado está positivo em R$ 38,3 bilhões. A entrada, em novembro, foi a maior desde fevereiro de 2022.

A entrada de estrangeiros ocorreu em meio à crescente expectativa de que o Federal Reserve (Fed) adote uma política monetária mais expansionista ainda no início do próximo ano. No exterior, parte significativa dos investidores já apostam em cortes de juros a partir de março. Nas curvas de juros, a precificação é de quase 90% de chance de que ate maio o Fed já tenha iniciado o ciclo de afrouxamento monetário. Para a decisão de dezembro, a chance de uma nova alta, que vinha sendo especulada meses atrás, é quase nula.

Por que o estrangeiro comprou bolsa brasileira?

"Ao longo do mês de novembro o mercado deixou de precificar novos aumentos de juros nos EUA em 2023 para passar a precificar chances de cortes de juros já o início de 2024. Isso contribuiu com a entrada de estrangeiros", afirmou em nota Mateus Haag, analista da Guide Investimentos. 

A perspectiva de juros mais baixos nos Estados Unidos foi motivada por dados de inflação abaixo das expectativas e cada vez mais próximos da meta do Fed de derrubar a inflação para perto de 2%. O Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) caiu para 3,2% em relação ao pico de 2022, de 9,1%. Já o núcleo do Índice de Preço sobre Consumo Pessoal (PCE, em inglês), principal baliza do Fed, recuou de 5,3% para 3,5%.

O maior controle sobre a inflação americana e a expectativa de corte de juros provocou um aumento global do apetite por risco -- e a bolsa brasileira foi uma das mais beneficiadas. Com a entrada de capital externo motivando o rali da bolsa brasileira, o Ibovespa subiu 12,54% em novembro. A alta, inclusive, superou a dos principais índices de Wall Street. No mês passado, o S&P 500 e o Nasdaq subiram 8,9% e 10,7%, respectivamente.

Haag ainda ressalta que o nível de precificação da bolsa brasileira segue atrativo para o investidor estrangeiro.

Esse "desconto" da bolsa brasileira, no entanto, caiu de 17% para perto de 10% (excluindo commodities) em cinco semanas, pelas contas de analistas do Bank of America. Enquanto isso, a bolsa do México estaria com um desconto de 15% em relação aos níveis históricos.

Para dezembro, a expectativa de Pedro Galdi, analista da Mirae Asset, é de mais um mês positivo nos mercados globais, mas "menos intenso novembro" A forte valorização, escreveu em nota, "não deve ser repetida". "O avanço de pautas no Congresso Nacional deve ditar as expectativas para o avanço da economia doméstica nos próximos trimestres."

Confira as últimas notícias de Invest:

Acompanhe tudo sobre:bolsas-de-valoresIbovespa

Mais de Invest

PMIs, julgamento de Bolsonaro e audiência em Washington: o que move os mercados

Cade abre investigação sobre venda da operação de níquel da Anglo American, diz Financial Times

África do Sul como polo de terceirização? Setor no país deve chegar a US$ 6,8 bi até o final de 2030

Bolsas da Europa e dos EUA sobem com decisão que favorece o Google