eVTOL: protótipo deve fazer seu primeiro voo teste em 2025 de olho na certificação em 2027 (eVTOL/Divulgação)
Repórter
Publicado em 15 de junho de 2025 às 11h25.
A Eve Air Mobility, empresa da Embraer, apresentou neste domingo, 15, um duplo avanço para o setor de mobilidade aérea urbana: a publicação do seu primeiro estudo de mercado global para eVTOLs e a assinatura de um contrato com a startup brasileira Revo, no valor de R$ 1,39 bilhão.
O acordo, firmado com a Revo e sua controladora, a Omni Helicopters International (OHI), prevê a aquisição de até 50 aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical (eVTOLs), além de soluções completas de suporte operacional, incluindo o portfólio TechCare. A parceria inaugura a fase de implementação da Eve, que passará a entregar suas aeronaves a partir do quarto trimestre de 2027.
“Estamos passando do conceito para a execução, com um modelo escalável e sustentável”, afirmou Johann Bordais, CEO da Eve, em comunicado. A cidade de São Paulo, onde a Revo já opera rotas entre a zona sul e o Aeroporto de Guarulhos, será a base para o lançamento global dos eVTOLs da Eve.
Com mais de 400 helicópteros registrados e cerca de 2 mil decolagens e pousos diários, São Paulo é um dos mercados urbanos mais dinâmicos do mundo para operações aéreas. A Revo será a primeira operadora comercial dos eVTOLs da Eve, substituindo helicópteros convencionais por aeronaves 100% elétricas, segundo a companhia.
A empresa conecta atualmente pontos estratégicos da cidade por via aérea, reduzindo trajetos terrestres de até três horas para apenas 10 minutos. “A escolha pela Eve se baseou na maturidade tecnológica e no suporte oferecido”, disse João Welsh, CEO da Revo, em nota. “Vamos transformar a experiência dos nossos clientes com uma solução escalável e ambientalmente responsável.”
A parceria inclui ainda simulações anteriores com o software Vector, voltado à gestão de tráfego aéreo urbano.
Paralelamente ao anúncio do contrato, a Eve publicou seu Estudo Global de Perspectivas de Mercado de Mobilidade Aérea Urbana, com projeções até 2045. O documento aponta demanda por 30 mil aeronaves e um volume de até 3 bilhões de passageiros transportados, resultando em uma receita potencial de US$ 280 bilhões.
A análise se baseou em dados de 1.800 cidades da ONU, 1.000 aeroportos e 27 mil helicópteros civis em operação. Entre as aplicações previstas estão: transporte urbano ponto a ponto, ligações com aeroportos, turismo, emergências médicas, voos corporativos e fretamento.
O estudo reforça que a urbanização crescente é um vetor central da demanda. Até 2035, mais de 800 cidades terão mais de 1 milhão de habitantes. Em 2024, cidades como Londres, São Paulo e Nova York registraram mais de 200 horas anuais perdidas em congestionamentos.
A Eve projeta crescimento acelerado na Ásia-Pacífico, impulsionado pelo aumento da classe média e pela densidade populacional. A América Latina aparece como um polo estratégico, devido à urbanização acelerada e à necessidade de soluções sustentáveis. “É um ambiente onde o eVTOL pode fazer diferença real”, afirma Bordais.
Na América do Norte, o ecossistema já estabelecido acelera a adoção. Europa cresce de forma mais gradual, impactada por barreiras regulatórias. O Oriente Médio aposta em inovação com forte apoio estatal, e a África tem potencial ligado ao turismo e à carência de infraestrutura.
Para que a mobilidade aérea urbana atinja escala, será necessário avançar em cinco frentes:
Segurança operacional ampla e constante;
Criação de regulações acessíveis e integradas;
Gestão eficiente do tráfego aéreo urbano;
Instalação de vertiportos e infraestrutura de suporte;
Inovação em baterias de alta densidade energética.
Segundo Megha Bhatia, CCO da Eve, o foco é integrar a aeronave à malha urbana existente. “Permitimos que operadores como a Revo ofereçam o último trecho da viagem com eficiência e velocidade, conectando centros urbanos a aeroportos em frações do tempo tradicional", disse.